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Médico Oscar Sobral tira dúvidas acerca da vacina contra a H1N1 (Aids)

Oscar é especialista no assunto e a muito tempo vem cuidado de vários pacientes que foram contaminados pela doença

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26/05/2010 às 08h47

O médico Oscar Sobral prestou entrevista ao portal “Diário do Sertão”, onde esclarece as principais indagações referentes à vacina contra a gripe H1N1. Ele também explica sobre os boatos na mídia acerca da vacina, porque todas as pessoas devem se vacinar, as contra-indicações, o que fazer para evitar que o vírus da gripe circule dentro de casa, a importância da imunização das gestantes, dentre outros aspectos.

Dr. Oscar também comenta acerca de miomas no útero, problemas respiratórios e sobre os casos de AIDS em Cajazeiras e região.

Diário do Sertão: Dr. Oscar, as pessoas estão fazendo muitos boatos acerca da vacina H1N1, pois está dando muitas reações, há comentários na mídia de que na vacina há muitos medicamentos que não combatem a gripe, há médicos que são contra a vacina, enfim, o que o senhor tem a dizer sobre toda esta polêmica?

Dr.Oscar: Existem dois tipos de vacina H1N1: uma com componentes e outra sem componentes. As que possuem componentes são para todas as pessoas e as sem componentes são para as gestantes. Com relação às reações, é porque a vacina possui um componente que pode provocar resistência. Quem tiver uma reação maior é porque o organismo está com uma melhor imunidade, ou seja, no momento em que a vacina é aplicada, o organismo reage àquela agressão, tornando a reação mais forte, o que é prova de que esta pessoa está bem prevenida contra outras doenças. Da mesma forma que as pessoas que não possuem reações, é prova de que estavam com o sistema imunológico baixo, então a vacina irá estimular o organismo dessas pessoas a produzir uma maior quantidade de anticorpos, para se prevenir contra doenças. Eu não aceito essa história de que um médico possa contra-indicar uma vacina, qualquer que seja. È importante que os doentes crônicos também tomem a vacina, mas é necessário que estes levem um atestado para comprovar que tem uma doença crônica, a exemplo de diabéticos, hipertensos, aidéticos, asmáticos, dentre outros.

Diário do Sertão: Qual a contra-indicação da vacina H1N1?

Dr.Oscar: Uma pessoa que está tossindo pode tomar a vacina sem problema algum, agora se a pessoa estiver com febre não é bom se vacinar, ou seja, é necessário esperar a febre passar. As contra-indicações que essa vacina possui é para as pessoas que têm alergia a ovo, pois a vacina é preparada com uma substância da clara do ovo. As pessoas que têm alergia a ovo e tomaram a vacina têm a possibilidade de morrer, então é melhor que estas não arrisquem a vacinação. Os idosos a partir de 60 anos não precisam tomar a H1N1, pois a Influenza é o suficiente e estimula a defesa do organismo da mesma forma. Já as crianças não precisam tomar a vacina, pois elas já estão bem imunizadas em virtude das vacinas que elas já tomaram, ou vêm tomando.

Diário do Sertão: O que fazer para evitar que o vírus da gripe fique circulando dentro de casa?

Dr.Oscar: Para evitar que o vírus da gripe fique circulando dentro de casa, principalmente quanto há pessoas gripadas, é importante que as pessoas limpem bem suas casas, abram bem as portas e janelas para o que ambiente fique bem ventilado, cobrir os colchões com capas e colocá-los para levar sol o dia todo também é importante. É necessário lembrar que a vacina não provoca gripe, pelo contrário, ela aumenta a defesa do organismo, para que quando outro tipo de vírus invadi-lo, o corpo possa reagir, e não fique doente.

Diário do Sertão: Porque é importante que as gestantes tomem a vacina H1N1?

Dr.Oscar: O conselho que eu dou para as grávidas é que elas devem tomar esta vacina, que não tem contra-indicação para elas, pelo contrário, é a melhor forma delas se prevenirem contra a gripe e protegerem o seu bebê. Se uma mulher grávida pegar a gripe H1N1, ela não vai ter tempo suficiente pra ser tratada, pois nós teríamos que encaminhá-la para João Pessoa, pois um tratamento em nível de Cajazeiras, nós só faríamos o básico, e eu não sei o que poderia acontecer a uma gestante numa hora dessas. As vacinas sem componentes foram feitas para serem aplicadas em gestantes, pois o sistema imunológico de uma gestante é menor do que o de uma pessoa normal, pois ela não pode ter reações em virtude do feto. Muitas pessoas dizem que a epidemia parou, o que não é verdade, pois nós já tivemos casos em Juazeiro e Patos, então há possibilidade dessa epidemia chegar aqui em Cajazeiras, principalmente neste tempo frio na região (fim de maio e início de junho).

Diário do Sertão: As pessoas que estão na faixa de 40 anos, ainda terão a chance de serem vacinadas?

Dr.Oscar: O governo não tinha condições de vacinar toda a população de uma vez só. Então ele dividiu por etapas, para dar tempo de fabricar as vacinas, depois a campanha irá voltar e vacinar as pessoas na faixa de 40 anos que estão faltando receber a imunização.

Diário do Sertão: Dr. Oscar há casos de mulheres que têm mioma no útero há mais de cinco anos. O que o senhor recomenda: cirurgia ou medicação?

Dr.Oscar: É importante que o médico veja qual o tamanho real deste mioma. A primeira atitude que a mulher deve tomar é de realizar uma ultra-sonografia moderna endovaginal, que é mais conhecida como transvaginal, onde o médico terá condições de calcular o volume, a localização e o tamanho deste tumor. Porque, por exemplo, se este for subseroso, ou seja, se ficar na camada externa do útero, a mulher não é obrigada a retirá-lo, dependendo do tamanho, é claro. Agora se este estiver dentro da musculatura do útero, ele pode provocar hemorragias, e será necessário realizar uma cirurgia.

Normalmente os miomas pequenos não são necessários de realizar cirurgia, principalmente se for em pacientes acima de 40 anos, pois quando chega o período da menopausa, na qual há ausência de hormônios, a tendência destes miomas é diminuir de tamanho, pois para crescerem estes tumores precisam de hormônios.

Diário do Sertão: Porque atualmente os problemas respiratórios estão tão freqüentes na população brasileira?

Dr.Oscar: Com relação aos problemas respiratórios, há diversos fatores que podem causá-los. Houve um desrespeito muito grande com a natureza, pois pela ganância os homens começaram a realizar desmatamentos violentos, as cidades tornaram-se gigantescas, sem infra-estrutura, porque, por exemplo, as cidades estão crescendo sem dar tempo dos prefeitos conseguirem fazer o calçamento e o esgoto em todas as ruas. Ultimamente temos visto bairros e mais bairros sem infra-estrutura, ou seja, sem saneamento básico, além do que aumentou bastante os resíduos de lixo, e as pessoas têm o hábito de queimá-lo, o que é uma coisa extremamente errada, pois polui bastante o nosso meio ambiente, o que acaba causando doenças respiratórias em muitas pessoas. À medida que as cidades vão crescendo a população vai aumentado, o que faz com que as doenças respiratórias se espalhem mais. Em locais fechados e com ar-condicionado entram muitas pessoas, sempre há alguém gripado, o que faz com que o vírus se espalhe com rapidez. Entretanto, se sempre tivermos todos os cuidados com os hábitos de higiene, ou seja, ao chegarmos em casa, no alimentarmos após lavar as mãos, tomar banho regularmente, varrer a casa todos os dias e lavá-la pelo menos uma vez por semana, tirarmos a poeira dos móveis, estaremos evitando que os vírus que causem doenças respiratórias se espalhem por toda a casa e fiquem encubados.

Diário do Sertão: Com relação à AIDS está havendo um aumento crescente, não só em Cajazeiras, mas em toda a região. Qual a posição do senhor a respeito da doença?

Dr.Oscar: É lamentável, pois temos casos de AIDS em praticamente todas as cidades do sertão paraibano, com a comprovação de pacientes que tiveram exames feitos, que já foram feitas notificações e estão em tratamento. O que me preocupa com relação à AIDS, não são os pacientes que já estão em tratamento e sim os casos da doença que estão sem diagnóstico e sem o controle médico, o que é grave. O paciente que está sob a nossa responsabilidade, nós temos todo o cuidado com relação ao tratamento, nós conversamos, pedimos para ter todo o cuidado para evitar de contaminar outras pessoas, eles também passam por psicólogos e assistentes sociais. No ano passado morreram pacientes aidéticos em Cajazeiras e São José de Piranhas. Não é que os casos estejam aumentando, pois pacientes com AIDS já não morrem com a freqüência que morriam os de antigamente, pois houve todo um avanço no tratamento da doença. Os pacientes que morrem são aqueles que estão com AIDS e teimam em não realizar o tratamento, por preconceito deles mesmos, pois quando este paciente chega em busca de tratamento, a doença já se encontra num estágio altamente comprometido e não temos como reverter. Todas as unidades de saúde de Cajazeiras têm programas específicos, com distribuição de camisinhas à toda comunidade, e sou testemunha de que a campanha e distribuição de preservativos sempre acontece nas grandes festas e eventos da cidade e região. Cajazeiras já chegou a ter uma média de distribuição de 80.000 preservativos durante o carnaval. È importante salientar que todas as casas noturnas de Cajazeiras e nos pontos de encontro sempre acontece a distribuição de preservativos.

Raquel Alexandre do DIÁRIO DO SERTÃO

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