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VÍDEO: De escola pública e família humilde, jovem é 1º em Medicina na UFCG de Cajazeiras e emociona os pais

José Antônio Figueiredo Santos, de 19 anos, mora na zona rural de Paulista, é filho de um agricultor e uma dona de casa e foi criado em uma casa simples com pouquíssimos recursos. Nessa reportagem especial, ele pede ajuda em dinheiro para comprar o material necessário para o curso

Por Diário

21/03/2023 às 17h47 • atualizado em 22/03/2023 às 07h59

A alegria estampada no rosto da família demonstra a plena realização desde que o jovem de origem pobre, José Antônio Figueiredo Santos, de 19 anos, foi aprovado no curso de Medicina na UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) campus Cajazeiras. O jovem ficou em primeiro lugar entre todos os estudantes da rede pública de ensino. “Foi um processo incrível. A alegria era imensa, a gente não consegue se controlar, chora, ri e pula”, ressaltou o estudante.

O jovem é filho de um agricultor e uma dona de casa e foi criado em uma casa simples com pouquíssimos recursos. “Ele ligou de Pombal para mim. Comecei a pular, a chorar, gritar”, falou a mãe de José Antônio. “Eu não esperava, mas tinha fé em Deus e era o que ele queria, era o que eu queria dar para ele”, disse o pai muito emocionado.

Decidimos desbravar o interior da Paraíba para conhecer esse jovem que tornou realidade o que para muitos seria impossível. Para contar essa história de superação, a TV e Rede Diário do Sertão pegou a estrada. Ora asfalto, ora terra, foram quase 200 km de percurso entre Cajazeiras e Paulista, município localizado na região de Pombal, no Sertão da Paraíba, bem na divisa com o Rio Grande do Norte. De Paulista, cidade pequena, com pouco mais de 12 mil habitantes, seguimos para a zona rural, enfrentando mais 16 km até chegarmos ao sítio Timbaúba, onde a família já aguardava nossa reportagem.

Dona Maria da Guia (52) e Joaquim Tomé (64), pais de José Antônio moram no sítio Timbaúba, Paulista, Paraíba

Os donos da casa, dona Maria da Guia, 52 anos, seu Joaquim Tomé dos Santos, 64 anos, criaram 8 filhos enfrentando as mais duras realidades para sustentar a família. José Antônio é o caçula entre os homens.

“Tudo que eu fiz para trás já esqueci, do sofrimento, vou viver para frente agora. Os dias que eu durar é só alegria. Sempre dei conselho ao meu filho: coma do seu suor que você derramar, não tenha inveja de ninguém, ser pobre não é defeito”, contou seu Joaquim Tomé.

Família de José Antônio

Apesar das dificuldades, os irmãos de José encontraram na educação a possibilidade de mudança. Anderson é engenheiro, Igor está prestar a concluir Administração, Maria Eduarda cursa Química, Maria Clara está no Ensino Médio, Maria Luiza no Fundamental II.

Seu Joaquim nunca frequentou uma escola, seu negócio é trabalhar na roça. “No tempo de estudar eu fazia o que tinha que fazer para ele [o filho] ficar; é claro que tinha hora que tinha que ir mesmo, porque tinha que fazer mesmo as obrigações daquilo que a gente toma conta. Eu sempre tive esse sonho”, disse o pai.

Dona Maria da Guia é uma mãe exemplar, mas também nunca teve oportunidade de estudar. A família demorou para conseguir erguer as paredes para ter uma casa digna. No quarto que os filhos dormem, José teve que dividir entre as atividades do dia a dia e a rotina de estudos.

“O dia a dia era sempre cansativo, mas foi possível conciliar. A lida do campo não é fácil, quem mora na zona rural sabe. A criação de animais não é um processo tranquilo, não é simples, mas foi possível conciliar com os estudos, mesmo com essa demanda”, destacou José Antônio.

José Antônio é devoto de São José, padroeiro da cidade de Paulista, Paraíba

Na escola da rede pública de ensino, José deu passos importantes até chegar à aprovação em Medicina. Ele sempre gostou de ajudar as pessoas e é daí que vem o desejo pelo curso.

“Eu sempre vi em mim mesmo a habilidade de sentir o sentimento das outras pessoas, eu sempre consegui entender o que a pessoa sentia, ver quando a pessoa estava triste, entender o que a pessoa sente. Eu sempre tive uma empatia muito grande com o outro”, destaca o jovem.

PRIMEIRO LUGAR EM MEDICINA NA UFCG, CAMPUS DE CAJAZEIRAS

Na categoria de estudantes de escolas públicas, a nota de José Antônio foi a maior, por isso ele ficou em primeiro lugar e vai cursar Medicina no campus da UFCG em Cajazeiras, no semestre que será iniciado ainda este ano. A aprovação de José é a quebra de diversos paradigmas, entre eles a desigualdade. Um menino que estudava enquanto cuidava dos animais na zona rural agora vai para a universidade fazer um dos mais concorridos cursos do Brasil.

“O sistema de cotas está aí para isso, para quebrar as desigualdades criadas. Então é muito importante você fazer uso onde você se encaixa e conquistar seu sonho”, disse.

Rita de Cássia (Ritinha) é a melhor amiga de José. Foi ela quem entrou em contato com a equipe da Rede Diário do Sertão

Rita de Cássia é a melhor amiga de José Antônio e está alegre com a conquista. “Eu sei que sempre foi um sonho dele, sei que motivo de desistências teve, mas também eu sei que a boa parte dele é cuidando dos animais aqui no sítio e o tempinho que ele tinha livre ele acabava estudando”, disse a jovem.

O AMOR DOS IRMÃOS

Anderson e Isabele, irmãos de José, começam a ver a transformação que a educação está promovendo na família. “Conseguir uma vaga num curso de Medicina, de onde a gente vem, de família humilde, zona rural, escola pública, não é uma coisa fácil de acontecer nem de se fazer, porque a gente sabe o que ele fez com o pouco que ele tinha. Não tinha acesso a uma internet de qualidade, não tinha acesso a equipamentos de tecnologia avançados, então acredito que daqui para frente vai melhorar com relação ao acesso a mais informações e a partir disso ele vai conseguir ser ainda melhor do que ele já é”, falou Anderson.

“A gente torcia muito porque ele era esforçado e a gente também queria mudar a vida dos nossos pais, porque tudo era difícil. É uma família grande, a gente nunca teve tanta ajuda e ele sem um notebook para estudar, era só um celular velho, mas ele tentou e conseguiu. A gente ficou muito feliz e eu espero que ele mude a vida do meu pai e da minha mãe”, ressalta a irmã.

COMO AJUDAR?

Sem dinheiro para comprar todo o material necessário ao curso, José Antônio disponibiliza seu contato para doações. Se você deseja ajudar, ligue (83) 98224-9383. Esse número também é a chave Pix para doações no nome do próprio estudante: José Antônio Figueiredo Santos. Sem condições financeiras para comprar os diversos materiais, sua ajuda é indispensável.

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