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Sindicalista de CZ admite ter maus-tratos nas vaquejadas e rodeios, mas diz ser a favor

Proibição das vaquejadas pelo STF gerou polêmica e dividiu o país entre os que defendem os animais e os que valorizam a cultura

Por Jocivan Pinheiro

10/10/2016 às 14h58 • atualizado em 10/10/2016 às 15h06

No último dia 6, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu derrubar uma lei do Ceará que regulamentava a vaquejada, tradição cultural nordestina na qual um boi é solto em uma pista e dois vaqueiros montados a cavalo tentam derrubá-lo pela cauda.

Vaqueiros derrubam boi em vaquejada

Vaqueiros derrubam boi em vaquejada

Por 6 votos a 5, os ministros consideraram que a atividade impõe sofrimento aos animais e, portanto, fere princípios constitucionais de preservação do meio ambiente.

A decisão gerou polêmica e está dividindo o país entre os que concordam com a proibição por defenderem os animais e os que discordam alegando que a vaquejada é cultura nordestina e até esporte.

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Alguns negam que os animais sejam maltratados. Mas o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cajazeiras-PB, Rildo Soares, acabou admitindo que há, sim, abusos contra os bichos durante vaquejadas e rodeios. Entre os maus-tratos – que ele chamou de ‘pequeno sofrimento’ -, estão choques elétricos e órgãos pressionados por cordas ou correias.

“A gente até lamenta [a proibição] porque a vaquejada hoje dá emprego e renda. É uma das grandes festas não só do Nordeste, mas do Brasil, apesar de ter um pequeno sofrimento. A gente sabe que o animal é amarrado pela barriga nos rodeios, sai daquele jiqui [compartimento onde o boi fica antes de ser solto na arena] através de choque e foi isso que causou essa revolta a nível de Brasil. Mas eu não sou contra. Vaquejada, rodeio e cavalgada são das maiores festas que a gente conhece, é tradição que a gente assiste e participa aqui na Paraíba”, declarou o sindicalista.

Em sua defesa, Rildo Soares recordou que quando era secretário municipal abriu o Parque de Exposições de Animais de Cajazeiras, onde, segundo ele, havia ‘carregadeiras’ e ‘descarregadeiras’ de animais e local confortável para alimentá-los e negociá-los.

Proibição tem reflexo nacional

O governo do Ceará dizia que a vaquejada faz parte da cultura regional e que se trata de uma atividade econômica importante e movimenta cerca de R$ 14 milhões por ano. Apesar de se referir ao Ceará, a decisão servirá de referência para todo o país, sujeitando os organizadores a punição por crime ambiental de maus tratos a animais. Caso algum outro estado tenha legalizado a prática, outras ações poderão ser apresentadas ao STF para derrubar a regulamentação.

DIÁRIO DO SERTÃO

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