A hora e a vez das fintechs: segmento aumenta participação na pandemia
A mudança no estilo de vida imposta pelas medidas de segurança sanitária necessárias à contenção da disseminação da Covid-19 fez a tecnologia invadir cada vez mais o dia a dia das pessoas.
As fintechs, companhias que usam tecnologia para oferecer serviços financeiros, aumentaram significativamente sua participação na sociedade durante a pandemia. Segundo o estudo Radar FintechLab 2020, desenvolvido por um hub de fomento a fintechs nacionais, o Brasil conta com mais de 770 companhias nesse formato. O trabalho considera fintechs “as empresas ou iniciativas que trazem novas abordagens e modelos de negócios em serviços financeiros e são escaláveis principalmente através de tecnologia”.
A mudança no estilo de vida imposta pelas medidas de segurança sanitária necessárias à contenção da disseminação da Covid-19 fez a tecnologia invadir cada vez mais o dia a dia das pessoas. Os celulares passaram a ser utensílios de primeira necessidade. Pesquisa pela Fundação Getúlio Vargas revelou que existem 234 milhões de smartphones no Brasil, mais do que as 211,8 milhões de pessoas que habitam nosso território.
Todo esse panorama ajudou a fortalecer iniciativas com o perfil de modernizar o setor financeiro. Em 2020, o Paypal conquistou um milhão de novos clientes, um aumento de 25% em sua cartela somente no Brasil. São pessoas que se sentem atraídas pelas facilidades de pagamento e baixas taxas oferecidas pelas fintechs quando comparadas àquelas praticadas pelas instituições financeiras tradicionais.
Com o aumento, a companhia passou a ter 5,3 milhões de usuários no país. Em níveis globais, os resultaram foram 95% superiores aos atingidos em 2019, chegando a 77 milhões de novas contas, com lucro de US$ 4,2 bilhões, que representa aumento de 71% no comparativo com o ano anterior.
Mudanças no setor financeiro
A influência desse mercado na economia é tão importante que o Banco Central anunciou alterações regulatórias com o intuito de tornar o sistema financeiro brasileiro mais ágil e inclusivo. Dois protagonistas dessas mudanças são o Pix, serviço de pagamentos instantâneos, e o OpenBanking, que possibilita ao consumidor o compartilhamento de dados com a instituição bancária que oferecer melhores produtos e serviços.
De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Fintechs (AbFintechs), em parceria com PwC, 73% das fintechs participantes estão desenvolvendo soluções para esses serviços.
Até mesmo os bancos tradicionais se renderam à tecnologia para melhorar os serviços oferecidos ao público. Segundo estudo realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em 2020, os bancos aumentaram em 48% os investimentos em tecnologia (software e hardware).
As instituições tradicionais também estão mobilizando seus recursos internos para o OpenBanking e já possuem articulações com fintechs, big techs e startups para solucionar demandas internas (65%) ou externas (61%), com foco em melhorias para meios de pagamento, empréstimos, crédito e abertura de conta.
Ponto de atenção
Apesar do cenário favorável, uma medida provisória recente do governo federal pode complicar a situação das fintechs. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu aumentar os impostos sobre os bancos para aliviar a desoneração do diesel e do gás de cozinha, cujas alíquotas foram reduzidas a zero e anunciadas em decreto.
Parte da compensação da redução dessa tributação virá do aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) paga pelas instituições financeiras que vai subir de 20% para 25%, de julho a dezembro. A decisão sobre a alteração dessa regra depende da aprovação do congresso federal.
Caso a medida seja aprovada, a expectativa é de que os bancos repassem os custos para o consumidor por meio da redução de financiamento e aumento de juros para os empréstimos, o que pode impactar na atuação das fintechs. Por serem instituições menores, elas tendem a perder competitividade frente aos bancos tradicionais.
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