VÍDEO: Com estrada coberta pelo rio, moradores denunciam empresa da Transposição, em Cachoeira dos Índios
Com as fortes chuvas nos últimos dias, o nível do Rio de Baixa Grande aumentou e cobriu a estrada que dava acesso até à cidade, prejudicando centenas de famílias
A reportagem da TV Diário do Sertão foi até Cachoeira dos Índios, município com mais de 9 mil habitantes, localizado no Alto Sertão da Paraíba, para mostrar a realidade das famílias que estão ilhadas, nos sítios Angical, Tambor, Baixa Grande, São Joaquim e São José de Marimbas.
Com as fortes chuvas nos últimos dias, o nível do Rio de Baixa Grande aumentou e cobriu a estrada que dava acesso até à cidade, prejudicando centenas de famílias. De acordo com os relatos dos moradores, desde o início da execução das obras do Ramal do Apodi da Transposição do Rio São Francisco, os moradores reivindicam a construção de uma estrada, porque sabiam que no período chuvoso a estrada seria coberta pelas águas, mas a empresa teria ignorado o pedido dos moradores.
Além da falta do acesso, os moradores também cobram o pagamento das indenizações. É o caso de Verônica Delfino.
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“Estão sé enrolando, porque eles trabalham dia e noite, ai por que aqui vieram dar uma desculpa? Eu creio que quando ele fez esse projeto ele não lembrou que tinha que ter estrada, por onde vai ser a estrada? Vai ter que colocar em outro lugar a estrada, então a gente quer a estrada, um acesso, porque muitas pessoas estão sendo prejudicadas, não é só nós, os professores estão sendo prejudicados, porque desde a semana passada que não tem aula para eles. Eu vim nadando, porque de onde eu moro para cá não tem acesso, só água”, disse Verônica.
Até o padre da cidade está na luta ao lado dos moradores da comunidade. O padre Deusimar Gomes reforçou a cobrança e lamentou a demora da empresa em solucionar os problemas.
“Quase 10 anos eles pensando nesta obra, como é que só agora depois do inverno em uma situação dessa eles aparecem aqui acho que nada para resolver, porque não tem argumento, não tem nada a oferecer. Depois de tantos anos, sabendo a força desse rio, sabendo que duas comunidades ou três ficariam ilhadas, por que não se resolveu? Uma empresa tão séria, então brincou com o povo, o pessoal saiu de suas terras a troco de um aluguel, prometeram pagar e até hoje não resolveram, então eu acho que é brincar com o sentimento do povo, é não levar sério a coisa“, falou o religioso.
Já a dona Neide Santos do sítio Angical disse que além da falta de transporte as comunidades estão sofrendo com o desabastecimento de alimentos.
“Tá sendo muito difícil para gente, para nossa comunidade, tanto de Angical, Tambor e Marimbas, por motivo de quê? Sem aula, sem poder os ônibus escolares levar os professores, os alunos, até alimentação no mercado já está faltando porque não tem, os transportes não conseguem passar para deixar os alimentos, faltando medicação, ambulância não pode socorrer os doentes porque também não tem por onde passar, então está sendo um descaso com a nossa população com essa questão dos rios cheios e eles não ter feito uma estrada de acesso para nossa comunidade, então todos da nossa comunidade estão sendo prejudicados”, relatou.
Já o morador Aguinaldo Andrade disse que a empresa mantém o silêncio mesmo em meio à manifestação.
“Esses homens nem sequer falar, chegar no microfone e dar uma satisfação para que a população entenda e compreenda que eles vão fazer as coisas, não. Pela manhã quando eu estava lá, ele me garantiu que ia vir à tarde com as máquinas e traria uma solução, você (repórter) chegou e viu qual foi a posição do pessoal (empresa), foi embora quando viu a Imprensa, então fica difícil trabalhar com essas pessoas”, ressaltou Aguinaldo.
Wisdamir Oliveira também reivindica a estrada.
“O apelo que a gente quer fazer é como todo mundo está pedindo as nossas estradas porque eles bloquearam tudo, já sabiam que isso ai iria acontecer, porque a margem do rio aqui vai muito alta. Tiraram a gente de lá, ainda não pagaram indenização ainda, quem tinha gado teve que sair às pressas de lá, ai além de sair, esse bloqueio todinho que a gente está esperando sair há muito tempo que era para ter feito”, pontuou.
Em 2023, a TV Diário do Setão fez uma reportagem especial mostrando o drama de moradores que residiam em sítios de Cachoeira dos Índios e tiveram que abandonar suas casas por causa da obra da transposição. A princípio, o projeto inclui pagamento de aluguel provisório para os moradores e construção de vilas.
Cerca de 15 municípios paraibanos que ficam na microrregião de Cajazeiras, no sertão do estado, deverão ser contemplados direta e indiretamente pela transposição.
Cerca de 60 famílias tiveram que deixar seus lares para possibilitar a execução plena da obra de construção do açude Tambor. Ao todo, este trecho da transposição vai beneficiar cerca de 750 mil pessoas em 54 cidades do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.
OUTRO LADO
A produção do programa Olho Vivo tentou ouvir representantes da empresa, mas foi informada de que somente o Ministério do Desenvolvimento Regional do Governo Federal poderia prestar esclarecimentos acerca da reivindicacão dos moradores. O espaço fica aberto para manifestações. E para o envio de nota de esclarecimento, temos o e-mail [email protected].
DIÁRIO DO SERTÃO
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