VÍDEO: Após tragédia em Cajazeiras, engenheiro fala sobre cuidados e exigências para uma construção segura
Esse tema ganhou repercussão após uma criança de 6 anos, sua avó e uma vizinha serem atingidas por uma viga de concreto de uma residência que desabou. A criança e a vizinha não resistiram e faleceram
O engenheiro civil Fernando Figueiredo esteve no programa Olho Vivo, da TV Diário do Sertão, falando sobre a importância de requisitar um profissional competente para a realização de uma obra de construção civil segura. Esse tema ganhou repercussão após a tragédia que aconteceu na cidade de Cajazeiras, na sexta-feira (6), quando uma criança de 6 anos, sua avó e uma vizinha foram atingidas por uma viga de concreto de uma residência que desabou. A criança e a vizinha não resistiram aos ferimentos e faleceram no hospital.
Fernando explica que em toda construção deve haver a obrigação de ter um responsável técnico para acompanhar a obra, além da emissão do Termo de Responsabilidade Técnica, documento obrigatório para conseguir o alvará de construção. “Todo imóvel que é construído nos municípios precisa de alvará. Alvará é um documento emitido pelas prefeituras, um documento legal em que as prefeituras concedem o direito de construir o imóvel”, explica o engenheiro.
Ele aponta que no caso do acidente que aconteceu em Cajazeiras, provavelmente não havia uma estrutura de concreto, o que sobrecarregou a alvenaria da casa. “Muita gente se engana e acha que a alvenaria serve de apoio, de estrutura, mas os tijolos, a alvenaria, não servem para suportar cargas. Quem suporta carga é a estrutura de concreto. Aí sobrecarregou a viga. Muito provavelmente a carga foi para a alvenaria e aí acabou acontecendo essa fatalidade”, pressupõe Fernando.
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Após a tragédia, uma equipe de engenharia forense, diretamente de João Pessoa, está sendo encaminhada ao local para investigar o acidente. Fernando explica que será uma ação vinculada à polícia científica e que um perito criminal formado em Engenharia virá para identificar o que causou o acidente.
“Ele vai avaliar o que levou essa casa a ruir. Você faz um serviço reverso, vai pegar a estrutura que ficou lá montada, vai fazer o cálculo estrutural… vai medir a resistência que o concreto tem, o quanto ele suporta de carga. Pega um pedaço da viga, vai para o laboratório, testa a resistência, quanto que ele suportava de carga, vê a carga que o aço suportava e vai testar se estava de acordo com a norma, provavelmente não vai estar”, explicou o engenheiro.
Ele ainda informa que para denunciar obras irregulares, qualquer cidadão pode procurar o Conselho Regional de Engenharia (CREA) ou Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), a Secretaria de Planejamento da prefeitura ou o Ministério Público. Fernando relaciona a falta de fiscalização com a carência de engenheiros no CREA para fazer o serviço.
O engenheiro informa que a Lei 11.888, de 2008, garante a disponibilização gratuita de profissionais técnicos, engenheiro civil, engenheiro elétrico, arquiteto para fazer acompanhamento de projetos e obras para quem tem renda mensal de até 3 salários mínimos. Mas, infelizmente, não é implantada na cidade de Cajazeiras, para isso é necessário a junção de três pilares: a cultura construtiva, em que a sociedade entenda e queira um engenheiro responsável na obra; responsabilidade pública dos municípios; e de iniciativa do Conselho de Classe para disponibilizar esses profissionais.
DIÁRIO DO SERTÃO
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