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Lula é eleito presidente do Brasil em uma das apurações mais acirradas da história do país

Com 60.345.999 votos válidos e 100% das urnas apuradas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está eleito para seu terceiro mandato como presidente do Brasil, derrotando Jair Bolsonaro (PL)

Por Portal Diário

30/10/2022 às 20h06 • atualizado em 31/10/2022 às 15h42

Lula durante caminhada de campanha (Foto: Miguel Schincariol / AFP)

Com 60.345.999 votos válidos e 100% das urnas apuradas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está eleito para seu terceiro mandato como presidente do Brasil, derrotando Jair Bolsonaro (PL), que obteve 58.206.354 votos. A maioria pró Lula foi de 2.139.645.

O resultado apertado indica que Lula, apesar de ainda ser uma das maiores lideranças da história do país, precisará mais do que nunca contar com composições políticas no Congresso e nos Estados para arrefecer o efeito Bolsonaro nas casas legislativas, nos poderes executivos e, claro, em grande parte da população.

Durante a campanha, Lula deu sinais de que está consciente desse desafio, pois a frase “pacificar o país” fez parte dos seus discursos com frequência, quase como um slogan.

Algumas das principais propostas de governo do petista foram: salário mínimo com aumento acima da inflação todo ano; isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil; valorização dos servidores públicos; milhões de empregos desde o primeiro ano de governo; formação e empregos melhores para a juventude; salário igual para homens e mulheres; Bolsa Família de R$ 600 e comida barata no mercado; programa “Desenrola Brasil” para livrar famílias das dívidas; “Empreende Brasil” para quem sonha em ter o próprio negócio.

Sobre Bolsonaro fica a expectativa se ele aceitará a derrota sem tentativas de manobras jurídicas. Embora tenha declarado que iria levar o caso das inserções de rádios “até as últimas consequências”, o presidente parece ter amenizado o tom durante entrevista ao Jornal da Globo, após o último debate antes do segundo turno, quando disse que “quem tiver mais voto, leva”.

Lula diz que prioridade é pacificar o país e tornar a vida do brasileiro melhor (foto: Ricardo Stuckert)

História de lutas

Filho de lavradores, Luiz Inácio Lula da Silva nasceu na comunidade de Caetés, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Fugindo da pobreza, sua família recorreu à migração conhecida como êxodo rural e foi para São Paulo. Desde adolescente fez ‘bicos’ para ajudar a sustentar a casa. Já adulto, se tornou metalúrgico no ABC paulista e foi nessa época que ele recebeu o apelido de “Lula”, forma hipocorística de Luís.

Na profissão de metalúrgico, Lula desenvolveu também o interesse pelo sindicalismo para ajudar a melhorar as condições de trabalho da classe operária. Durante a ditadura militar, liderou grandes greves e ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, durante o processo de abertura política. Nessa época ele também foi uma das principais lideranças do movimento Diretas Já, quando iniciou sua carreira política.

Lula foi eleito deputado federal em 1986 pelo estado de São Paulo com votação recorde. Em 1989, concorreu pela primeira vez à presidência da República, perdendo no segundo turno para Fernando Collor de Mello, que pouco tempo depois seria cassado por escândalos de corrupção.

Lula e seu vice eleito Geraldo Alckmin (Foto: Divulgação)

Lula ainda foi candidato a presidente em outras três ocasiões: em 1994 e em 1998 ele perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso. Sua primeira vitória veio em 2002, quando derrotou José Serra no segundo turno. Em 2006, foi reeleito ao superar no segundo turno Geraldo Alckmin, que hoje é seu vice-presidente.

Os governos de Lula, embora tenham também enfrentado escândalos de corrupção envolvendo ex-membros do PT, é considerado por grande parte da população e também por entidades nacionais e internacionais como um dos melhores da história, sobretudo no que diz respeito ao combate à miséria, aos direitos trabalhistas, à educação e à fomentação de emprego e renda.

Prisão e inocência

No dia 5 de abril de 2018, após rejeição de habeas corpus preventivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz federal da então Operação Lava Jato, Sergio Moro, decretou a prisão de Lula, condenado a 12 anos e um mês de reclusão por suposto crime de lavagem de dinheiro onde, segundo a operação, a construtora OAS teria reservado para a família do petista um apartamento triplex no Guarujá e pagado por uma reforma estrutural no imóvel. A defesa de Lula sempre reiterou que Moro nunca teve provas concretas para efetuar a prisão.

No dia 6, Lula se entregou à Polícia Federal no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para não ser considerado foragido da Justiça. Mas antes de deixar o prédio, fez um discurso para uma multidão afirmando que a prisão era uma manobra política para tirá-lo das eleiçõese que ele iria provar sua inocência.

Após 580 dias preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula foi solto no dia 8 de novembro de 2019, um dia após o STF ter considerado a prisão em segunda instância inconstitucional.

Lula cumprimenta garotinha durante a caminhada em Porto Alegre (foto: Ricardo Stuckert)

Em 8 de março de 2021, o ministro Edson Fachin, do STF, anulou todas as condenações contra o ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato, feitas pela Justiça Federal do Paraná, vinculada ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Em 15 de abril, o plenário da Suprema Corte, em sua maioria, anulou as condenações feitas pelo então juiz Sergio Moro, que mais tarde viria a se tornar ministro da Justiça de Bolsonaro.

Em 2021, o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, manteve a suspeição de Moro, considerando o ex-juiz parcial no julgamento de Lula. As acusações contra Moro ganharam peso após o portal de notícias The Intercept Brasil revelar, em julho de 2019, diálogos privados entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, em que o juiz adotava condutas ilegais em parceria com o Ministério Público Federal. Moro chegou a dizer que nunca entraria na política, mas após deixar a Lava Jato ele foi ministro de Bolsonaro e hoje é senador eleito aliado do presidente derrotado.

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