VÍDEO: Família abre cova para sepultar parente que morreu de Covid-19 e denuncia abandono em Cajazeiras
Em entrevista exclusiva à TV Diário do Sertão, a irmã da vítima, Raimunda Ferreira relatou o sofrimento para realizar o sepultamento no distrito de Boqueirão
Nesta quarta-feira (21), o agricultor Pedro Ferreira, de 35 anos, do sítio Riacho Fundo, município de Cajazeiras, faleceu na ala Covid-19 do Hospital Regional, em decorrência do novo coronavírus.
Ao Diário do Sertão, com exclusividade, a dona de casa Raimunda Ferreira, irmã de Pedro, contou detalhes de como o quadro de saúde do paciente se agravou e ele veio a óbito.
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“Na quinta-feira, dia 15, ele se internou no Hospital Regional e passou três dias só na enfermaria, sendo medicado e acompanhado, no oxigênio, se alimentando via oral. Quando foi no domingo [dia 18], a noite entraram em contato com a gente, dizendo que ele apresentava uma tosse persistente e seguia recebendo atendimento”, disse.
Um dia depois, o seu estado de saúde se agravou e ele foi intubado.
“Intubaram ele, e ele ficou três dias intubado. Quando foi na quarta-feira, [dia 19], ele faleceu por volta de 23h”, afirmou.
O falecimento foi informado a família por uma equipe do hospital. Ferreira disse que a família não foi preparada psicologicamente.
“A equipe do hospital não preparou a gente para dar a notícia. Ligaram para meu irmão e foram logo dizendo que ele tinha ido a óbito. Na hora, meu irmão passou mal, porque eles não prepararam a gente, não chamaram a gente para o hospital para conversar pessoalmente. Foi muito triste”, disse.
Em decorrência da pandemia do novo coronavírus e a proibição de aglomerações, os familiares precisam se contentar com enterros feitos às pressas, sem despedidas e com caixões fechados, para evitar contaminação. No caso de Pedro Ferreira, a realidade foi diferente.
De acordo com Raimunda Ferreira, em entrevista exclusiva ao Diário do Sertão, seu irmão Luiz Ferreira, foi o responsável para resolver todo o trâmite para o sepultamento. Como residem nas proximidades do distrito de Engenheiro Ávidos, o agricultor procurou o coveiro do cemitério local, que deveria ter aberto a cova para o sepultamento,mas ele se negou, alegando perigo de contaminação.
“Meu irmão falou com o rapaz responsável pelo cemitério de Boqueirão, para ele cavar a cova, para quando a gente chegasse com o corpo do meu irmão, a gente fazer o sepultamento. Quando a gente chegou lá, não estava nada pronto. Foi obrigado meu irmão, chorando, abrir a cova para poder sepultar meu irmão”, disse, em tom emocionado, a dona de casa.
Os familiares estão em estado de choque.
“Meu irmão que abriu a cova, até hoje está depressivo, ele não para de chorar. Foi um momento muito difícil, muito revoltante. Situação de abandono”, disse.
O QUE DIZ A GESTÃO?
O secretário de infraestrutura de Cajazeiras, José Filho, lamentou o ocorrido, durante entrevista na TV Diário do Sertão, e disse que em breve a prefeitura estará convocando um coveiro concursado, pois o atual é provisório.
“Com relação a esse acontecimento em Boqueirão, do coveiro provisório, vale salientar isso, nesses próximos dias coveiros serão convocados pela Prefeitura, e isso será resolvido. A gente quando tomou conhecimento, que o coveiro não estava em condições de realizar o sepultamento, estávamos providenciando, um coveiro de Cajazeiras pra ir fazer esse sepultamento”, garantiu.
O secretário disse que os coveiros receberam equipamentos de proteção individual (EPI’s) para realizar sepultamentos durante a pandemia.
“Recebemos o apoio da secretaria de saúde e todos receberam os equipamentos de proteção”, garantiu.
DIÁRIO DO SERTÃO
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