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No Sertão, juiz realiza palestras para prevenção do abuso sexual infantojuvenil nas redes sociais

Nessa sexta-feira (17), o magistrado e a equipe estarão no Atlântida Esporte Clube para conversar com crianças e adolescentes.

Por Diário do Sertão

16/05/2019 às 15h01

Juiz realiza palestras em escolas de Itaporanga (Foto: Assessoria)

O juiz Antônio Eugênio Leite Ferreira Neto, titular da 2ª Vara Mista de Itaporanga, se reuniu à Rede de Proteção da Criança e do Adolescente do Município para promover ciclo de palestras sobre prevenção ao abuso sexual infantojuvenil. A iniciativa faz parte das ações relativas ao 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil. Nesta sexta-feira (17), às 9h, o magistrado e a equipe estarão no Atlântida Esporte Clube para conversar com crianças, adolescentes e profissionais do Colégio Batista, do Colégio Monteiro Lobato e do Instituto Educacional Professora Laura Araújo, sobre exposição pessoal em redes sociais por meio dos celulares.

Nessa quarta-feira (15), Antônio Eugênio esteve no Colégio Diocesano Dom João da Mata, onde o magistrado destacou, na palestra, as vulnerabilidades da criança e adolescente ao passar informações, foto ou texto, nas redes sociais, principalmente, pela facilidade oferecida pelos aplicativos nos aparelhos celulares.

Trata-se de um trabalho de conscientização junto ao público infantojuvenil em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Itaporanga (CREAS). “Precisamos alertar sobre os perigos a que estão expostos, que podem levá-los a serem vítimas de crimes. E, a principal arma contra o abuso é a prevenção, conquistada por meio da conversa”, explicou o magistrado.

Os professores também têm a oportunidade de tirar dúvidas com os profissionais da Rede de Proteção e com o juiz sobre como abordar seus alunos a respeito do tema. “É um assunto delicado, realmente, mas só o diálogo franco e aberto pode salvar as crianças e adolescentes das garras dos abusadores sexuais”, ressaltou Antônio Eugênio. “Saber com quem eles estão falando nas redes sociais não é invasão de privacidade. É proteção”, acrescentou, lembrando da importância da prevenção realizada pelos pais em casa.

Na tarde desta sexta-feira (17), a ação também beneficiará o público de Piancó, quando o magistrado estará na Escola Estadual Santo Antônio, local onde estudou na juventude, para conversar sobre o assunto.

Outros segmentos da sociedade participaram do evento (Fonte: Assessoria)

Abordagem
Durante a palestra, o juiz detalha as estratégias que os abusadores utilizam para se aproximar das vítimas. Cita, por exemplo, que eles colocam nomes e rostos falsos para criar perfis fictícios nas redes sociais, e, então, se misturam a outros jovens. Usam linguagem simples, com as gírias típicas, publicam fotos em lugares paradisíacos, vídeos de festas, ostentam bens e, em seguida, fazem as solicitações de amizade. Quando a criança ou o adolescente aceita a amizade, o criminoso se aproxima, por meio de bate-papo on-line, estabelece uma relação de confiança e convence a vítima a fazer ‘selfies’ usando roupas íntimas, nua ou seminua, em posições eróticas ou até mesmo pornográficas.

O juiz revela, ainda, que as imagens vão parar em redes de pedofilia, que operam na ‘dark web’ (internet oculta), e são usadas como moedas de venda e troca. Há casos em que o criminoso se revela para a vítima e obriga-lhe a fazer mais fotos, sob a ameaça de publicar as imagens constrangedoras nas redes sociais. “Muitos jovens caem no golpe. Muitos adolescentes entram em depressão e até cometem suicídio. Tem sido uma constante sabermos de notícias de jovens que se suicidaram por este motivo”, alertou, enfatizando que seu maior desejo é romper o silêncio que existe no abuso sexual. “Precisamos que a criança e o adolescente falem, que eles possam denunciar”, pontuou.

Sociedade se une contra abusos sexuais nas redes sociais (Foto: Assessoria)

Uso de celulares
Uma preocupação do magistrado é o uso de celulares pelos jovens, que considera excessivo. O juiz Antônio Eugênio conta que observa em lugares de passeio público, que pais e filhos estão sentados em mesas de refeição e a comunicação é quase nula, pois é muito provável que um deles esteja teclando com seus amigos.

Por outro lado, para o magistrado são inegáveis os benefícios que o celular veio trazer à sociedade, mas, não se pode esquecer que o uso exagerado desse instrumento indica um meio de fuga dos problemas, dependência ou uma forma de se sentir aceito pelo grupo. O magistrado considera que a atenção a esse fato é hoje uma das principais preocupações, para que a sociedade se harmonize com a tecnologia, mantendo a interação e a comunicação interpessoal.

Alunos participam de evento em Itaporanga (Foto: Assessoria)

DIÁRIO DO SERTÃO com TJPB

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