Transposição provoca divergências entre padres no sertão
Padre Cleides, de Uiraúna, critica duramente os envolvidos no projeto de transposição do Rio São Francisco. Padre Djacy, de Santa Cruz, condena a posição do seu colega
A transposição das águas do Rio São Francisco continua reacendendo polêmicas nos meios políticos, culturais e religiosos.
Não é de hoje que líderes destas e outras vertentes humanísticas trocam farpas numa discussão que, desde o século XIX, vem erguendo e derrubando alianças em todo o país.
As forças políticas e religiosas do Alto Sertão Paraibano também não ficam de fora deste embate.
O Pe. Domingos Cleides Claudino, da paróquia do município de Uiraúna, em entrevista à Rádio Oeste da Paraíba, criticou duramente os envolvidos nesta obra, os quais ele acusa de politiqueiros fanáticos e subservientes.
Pe. Cleides teme que as supostas vantagens trazidas pela transposição não venham acontecer de verdade em benefício dos pobres. E afirma ainda que há antecedentes claros que provam que o rio, mesmo sem a transposição, já está ameaçado.
A defesa do religioso à Não-Transposição do Rio São Francisco parte da idéia de que políticos corruptos estão se valendo do projeto apenas por interesses pessoais que não o de ajudar aos empobrecidos que dependem das águas. E cita os projetos de canalização dos açudes da Lagoa do Arroz, Coremas e Acauã, que foram iniciados pelo Governo do Estado, mas que agora estão parados, sem que o povo possa beneficiar-se destas fontes.
Pe. Cleides não poupou nem o presidente da república Luis Inácio Lula da Silva. Segundo o religioso, Lula já não é mais o mesmo “político do povo”, e defende a transposição porque passou a se submeter a conluios com partidos corruptos. Partidos estes, segundo ele, que o próprio presidente no passado condenava.
“Sou contra a desgraça que esse projeto provoca tal qual se apresenta; entregue à ganância, à prepotência das classes políticas. Temos que conscientizar o povo, porque os politiqueiros, nem em suas campanhas, sabem conscientizar o povo. Escancarem os governos estaduais, escancaram as prefeituras, para que possamos ver como esse país precisa de uma reviravolta para se sonhar com a verdadeira transposição das águas do Rio São Francisco.”, disse.
A opinião de Pe. Cleides sobre a transposição provocou a revolta de outra figura religiosa do estado. O Pe. Djacy Brasileiro, da paróquia de Santa Cruz, condena a posição do seu colega religioso. Segundo ele, Pe. Cleides está sendo radical e age movido à emoção. O pároco ainda fez um apelo para que o colega se converta em nome dos nordestinos.
“Pe. Cleides, se você é contra esse projeto, Deus é a favor, porque Deus é a favor da vida.”, exclamou.
Da redação do Diário do Sertão
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