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Lula encerra a década como um dos homens mais importantes do mundo

A história registrará que, durante o seu governo, o Brasil pulou vários degraus em importância internacional, ganhou em pujança econômica e recuperou a autoestima interna.

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30/12/2010 às 10h27

O migrante nordestino, metalúrgico e líder sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva é reconhecidamente um dos homens mais importantes da primeira década deste século, não apenas no Brasil, mas no mundo.

A história registrará que, durante o seu governo, o Brasil pulou vários degraus em importância internacional, ganhou em pujança econômica e recuperou a autoestima interna.

Mas, retrospectivamente, sem o calor do momento e sem o peso do marketing, a história tenderá também a reequilibrar de forma mais justa a importância de Lula e de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

Hoje, Lula é quase um Deus, enquanto FHC é tratado como um quase fiasco. A balança ficará mais bem ajustada quando recuperada a realidade de que os dois governos fazem parte de um único processo.

Há uma relação de causa e efeito nesse ciclo virtuoso, que começa com a estabilidade da economia e desemboca na inclusão de 27 milhões de brasileiros.

Com seu imenso carisma, sua vibrante biografia e sua decantada capacidade de comunicação com pobres e ricos, letrados ou não, Lula transformou os êxitos de FHC em "herança maldita" e potencializou os seus próprios acertos.

Valeu-se da intuição e inteligência, mas também da avalanche de dinheiro que favoreceu não só o Brasil e a sua popularidade, mas outros países e a de outros governantes da América Latina.

É como se fizesse o governo de FHC, mas com dinheiro e um olhar mais focado no social. Seu grande programa de chegada, o "Fome Zero", não existia. Mas aproveitou bem a estabilidade da economia, o Bolsa Família, o sólido sistema bancário e deu saltos de qualidade.

Multiplicou Recursos
Multiplicou os recursos para as famílias de baixa renda e ampliou o crédito das classes médias baixas, sem mexer um milímetro nos ganhos de capital. Nunca os bancos lucraram tanto, mas a carga tributária é considerada a 14ª mais alta do mundo. Ou seja: redistribuiu renda, mas não do capital para o trabalho.

Aparelhamento do Estado
Lula também acobertou o aparelhamento do Estado, principalmente das estatais, como Petrobras, Banco do Brasil e Correios, sob um impulso mais de líder sindicalista do que de estadista.

E o ponto baixo dos seus oito anos se equipara no plano interno e externo: o descaso com as questões de princípio. Ele tinha "gordura" para gastar, mas não quis usar sua imensa popularidade para investir em ética, bandeira antes tão cara ao PT. Preferiu não arriscar.

Lula fechou os olhos para escândalos como o "mensalão" (compra de votos de aliados) e "aloprados" (que pagavam a peso de ouro dossiês contra adversários).

Sobrevida
Garantiu sobrevida a oligarquias que mantêm Estados inteiros em condições medievais. Compôs alegremente com o que há de pior na política. Foi indulgente até com governador que usa dinheiro público para ir de jatinho passar carnaval na Europa até com a sogra.

Plano externo
No plano externo, Lula ironizou a resistência às ditaduras do Irã e de Cuba, cometendo gafes imperdoáveis para qualquer outro presidente, mas assimiláveis quando se trata de Lula. Exemplo: comparar a luta da oposição iraniana a "chororô de derrotados" e os presos políticos cubanos a presos comuns brasileiros.

Fez história
Lula entra para a história como um dos mais importantes presidentes do Brasil e um dos líderes mais amados da década no mundo. Mas, fora do poder, uma avaliação mais fria, menos emocional, poderá mostrá-lo ainda um grande líder, mas igualmente um mito que cai na real.
 

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