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VÍDEO: Morte de Lampião faz 79 anos, e historiador diz se ele desviou de Cajazeiras graças a Pe. Cícero

No dia 28 de julho de 1938, o cangaceiro mais famoso do Brasil era assassinado juntamente com sua companheira, Maria Bonita, e seu bando

Por Luis Fernando Mifô

28/07/2017 às 16h57 • atualizado em 28/07/2017 às 17h04

No dia 28 de julho de 1938, o cangaceiro mais famoso do Brasil era assassinado juntamente com sua companheira, Maria Bonita, e seu bando. Uma emboscada silenciosa da polícia na Grota de Angicos, atual município de Poço Redondo, no Sertão de Sergipe, durante uma noite chuvosa e no momento em que o bando dormia, resultou num massacre que sequer deu chances para o ‘rei do cangaço’ e seus comparsas reagirem. Durante os dias que se seguiram, as cabeças dos cangaceiros foram expostas em várias cidades do Nordeste como demonstração do sucesso da ação policial e do poder do Estado.

Lampião se tornou um dos personagens de maior relevância histórica do Brasil, o que contribuiu para o surgimento de várias lendas e mistérios envolvendo seu ‘reinado’ nos sertões nordestinos. Um desses mistérios é sobre o suposto desvio de rota do cangaceiro, a pedido do padre Cícero do Juazeiro do Norte-CE, quando ele se preparava para ‘invadir’ Cajazeiras.

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Fotografia mostra as cabeças de Lampião (última de baixo) e seu bando expostas à população

O que se contam através da oralidade é que Lampião e seu bando não chegaram a entrar em Cajazeiras a pedido de padre Cícero, pois este havia sido aluno de padre Rolim – fundador da cidade – e tinha pelo professor um profundo respeito. Dizem que padre Cícero exercia grande influência sobre Lampião e que por isso o pedido foi de pronto atendido.

Entretanto, segundo relata o historiador Moreira Lustosa, especialista em cangaço, essa é apenas uma lenda, e que o motivo mais provável teria sido um bloqueio feito por vários homens no sítio Monte e que foi armado por um major de Cajazeiras.

Este major tinha uma desavença com um coronel da cidade do Barro, no Ceará, cujo filho era do bando de Lampião, e ele (o coronel) teria recomendado aos cangaceiros que entrassem em Cajazeiras para confrontar com seu desafeto. Ao saber disso, o major se preveniu armando um grande bloqueio no caminho.

Ainda de acordo com Moreira Lustosa, houve uma segunda tentativa frustrada, dessa vez pela polícia durante confronto em Cachoeira dos Índios que dispersou o bando de Lampião. De lá eles teriam seguido para o Rio Grande do Norte por outros caminhos, sem passar por Cajazeiras.

Moreira Lustosa é historiador especialista em cangaço

Lendas à parte, Moreira Lustosa não descarta a possibilidade de Lampião ter adentrado à cidade de forma discreta e sem o bando completo lhe acompanhando. Ele levanta, inclusive, a dúvida sobre onde o cangaceiro teria feito exame de vista, já que ele usava óculos.

Entre mitos e verdades, Lampião até hoje é considerado por alguns um herói e por outros um bandido. Para Moreira Lustosa, ele se enquadra na segunda categoria, no entanto era um “bandido à moda da época”, que trazia consigo motivações particulares e sociais dentro de um contexto que, se não lhe inocenta nem o justifica, pelo menos o explica.

“Era um cidadão que procurava justiça como hoje se procura e não se encontra. Só que era muito mais fácil naquela época praticar violência e não ser localizado. Não acho que foi um herói, acho que foi um bandido. Mas nós temos que compreender Lampião vivendo naquela época. A gente tem que compreender o cangaço no seu tempo”, ressalta.

DIÁRIO DO SERTÃO

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