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Cajazeiras tem 500 pontos de drogas

Promotor confirma números, mas Coronel contesta dados

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25/05/2010 às 12h20

A cidade de Cajazeiras, tem 500 casas onde traficantes vendem drogas, de acordo com o promotor de Justiça daquele município Alexandre Irineu, que afirma ter se baseado em informações da Polícia Militar para fazer o levantamento.

O comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar (6ºBPM) de Cajazeiras, coronel Vilson Dutra de Souza, contesta os números, mas confirma que está fazendo levantamento e catalogando alguns pontos de venda de drogas. Segundo ele, a principal droga vendida é o crack e adolescentes também estão envolvidos no comércio.

O promotor Alexandre Irineu contou que recebeu a informação sobre a quantidade de casas comercializando drogas da Polícia Militar. “Mas não tenho mais informações sobre como estão distribuídos esses pontos na cidade. Apenas informei o que me foi repassado. Aquelas pessoas que forem presas pela Polícia Militar será também denunciada pelo Ministério Público”, garantiu.

O coronel Vilson Dutra de Souza contou que desde fevereiro foram realizadas 14 operações contra a venda de drogas no município e que 31 pessoas foram presas.

“Com o lançamento do comitê antidrogas do Governo do Estado intensificamos esse trabalho de combate à venda de drogas. Ainda não temos números exatos, mas estamos monitorando esse comércio. São bairros como o São Francisco, na Alsa Sul, e outros bairros da Zona Norte”, concluiu.

Viciado pede ajuda
Um homem de 32 anos – que temendo ser discriminado, preferiu não se identificar – está em busca de ajuda para largar o vício das drogas. Usuário de crack há seis anos, ele disse que tomou a campanha Crack Jamais, desenvolvida pelo Sistema Correio, como incentivo. Acompanhado pela mãe, ele entrou em contato com a produção da TV Correio para pedir apoio.

Ele disse que sua experiência com o crack iniciou quando morava ele em Natal (RN), e trabalhava em uma pousada. Ele ganhou duas pedras de um traficante que se hospedou no estabelecimento e decidiu experimentar. “Via muita gente indo ao quarto dele e saindo fumando de lá. Observava como as pessoas ficavam ao fazer aquilo. Descobri que era crack e fiquei curioso para provar também. Ele então me deu duas pedras de graça”, lembrou.

Depois que utilizou pela primeira vez, ele logo se tornou dependente. Dominado pelo vício, ele falou que vendeu um carro e todos os móveis de casa para comprar a droga. “Cheguei a passar cinco dias fumando sem parar. Eu não sentia sono nem fome. Além disso, já vi pessoas tendo alucinações. Um homem saiu pulando, dizendo que tinha uma cobra perto dele. Outro ficou dizendo que era um macaco e entrou numa mata. Só o vi dois dias depois”, revelou.

26 amigos assassinados

Só quando começou a cometer assaltos para conseguir dinheiro para adquirir a droga, o homem percebeu que estava indo longe demais e precisava se libertar da dependência química. Agora, após ver 26 amigos viciados serem assassinados e perder o convívio social, ele decidiu pedir ajuda. “Preciso de um tratamento acompanhado. Meu sonho é poder um dia dar uma entrevista sem precisar me esconder. Quero aparecer na televisão de frente, para todos verem, mostrando que me libertei deste mal”.
Nos próximos dias, a TV Correio vai continuar reforçando a importância da campanha, sobretudo com o intuito de angariar parceiros para contribuir com viciados que necessitam de ajuda.

Cinco passos para a cura do vício
O médico Bernardo Holanda sintetizou em cinco etapas o processo para a cura do vício das drogas, inclusive o crack. Segundo ele, os principais pontos de apoio para o tratamento de pessoas com dependência química são os Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD) e a família. Nos Caps-AD, essas pessoas conseguem ajuda e acompanhamento multidisciplinar. Bernardo Holanda destacou que para o tratamento do Crack não existe medicamento.

“A primeira etapa é o indivíduo querer verdadeiramente deixar o vício, porque 90% das pessoas que tomam a decisão de abandonar o vício, acabam não aderindo ao tratamento e voltam às drogas. É importante destacar que a recaída é esperada. Por isso, é importante a família e uma equipe multidisciplinar para ajudar essas pessoas, mesmo depois da recaída”, disse o médico.

A segunda etapa apontada por Bernardo Holanda é procurar ajuda. Segundo ele, o lugar mais adequado para que os dependentes químicos encontrem auxílio especializado é o Caps-AD. “Lá, os dependentes encontram uma equipe com vários profissionais, como médicos, psicólogos e enfermeiros que desenvolvem uma série de atividades que auxiliam o indivíduo na luta contra o vício”, relatou.

A terceira etapa é a de acompanhamento. “As pessoas com dependência química precisam acompanhar o tratamento e seguir as orientações da equipe de profissionais. Há usuários que ficam o dia internos nos Caps-AD e recebem, também, alimentação durante todo o dia. É importante dizer que a internação muitas vezes não é suficiente para a cura do vício. Os indivíduos eliminam o uso quando são internos, mas quando voltam às ruas se intoxica novamente”, contou Bernardo Holanda.

A quarta etapa é a abstinência. O médico contou que ainda mais difícil que a abstinência é a manutenção dela. “Porque o difícil é permanecer sem a droga. É nessa hora que a família é usada, no bom sentido, para fortalecer o dependente, aumentar sua força de vontade. Nessa hora também é fundamental o apoio de uma equipe multidisciplinar para usar rede de atendimento e fazer com que todo dia o indivíduo tenha o que fazer”, destacou.

A quinta etapa é o retorno às atividades normais. “Na verdade, o ideal é que as pessoas com dependência não se afastem de suas atividades, mas continuem atuando na sociedade normalmente, trabalhando e assumindo responsabilidades. Para a cura do vício das drogas não tem mágica”, finalizou Bernardo Holanda.

Marcelo Rodrigo e Alysson Bernardo
Jornal Correio da Paraíba

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