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"Maioria acha que sou idiota; descobrirão quem sou de forma radical", diz atirador em novo vídeo

Atirador diz que fará ação pelos que são humilhados, agredidos e desrespeitados

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13/04/2011 às 23h37

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou nesta quarta-feira (13) um novo vídeo (assista abaixo) onde Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, o atirador da escola de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, aparece lendo um texto em que ele fala de aparente motivo para realizar o massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira na última quinta-feira (7), em que matou 12 crianças e feriu outas 12. Ele fala em um vídeo de cerca de um minuto que "os falsos descobrirão quem sou de uma maneira mais radical".

– A maioria das pessoas acham que eu sou idiota, se aproveitam da minha bondade. São falsos e descobrirão quem sou da maneira mais radical, em uma ação que farei pelos meus semelhantes que são humilhados, agredidos e desrespeitados em vários locais, principalmente em escolas e colégios pelo fato de serem diferentes e não fazer parte do grupo dos infiéis, dos desleais, falsos, corruptos, dos maus. São humilhados por serem bons.

Nas imagens, o atirador aparece sentado em uma poltrona, aparentemente em sua casa, e lê o texto para uma câmera ligada à sua frente. Logo após ler, ele se levanta e desliga a câmera.

Oliveira fala pausadamente e olha poucas vezes para o equipamento enquanto lê o texto. Nas imagens, ele aparece com a barba por fazer e veste camisa de mangas longas.

De acordo com a polícia, o vídeo foi feito em julho do ano passado. As imagens estavam em um disco rígido de computador na casa do atirador em Sepetiba, na zona oeste da cidade. Os policiais informaram que o vídeo é o único dado interessante para a investigação encontrado nesse disco rígido. Entretanto, a análise do material ainda não acabou. Os agentes tentam encontrar mais arquivos.

Em vídeo exibido na última terça-feira (12) pela TV Globo, o atirador aparece em imagens feitas aparentemente dois dias antes do massacre. Ele também surge com a fala arrastada e explica o motivo do crime.

– A luta pela qual muitos irmãos no passado morreram, e eu morrerei, não é exclusivamente pelo que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem.

A Polícia Civil informou que não tem conhecimento sobre esse vídeo e que sua procedência será investigada. O vídeo revela ainda que atirador foi ao local do crime três dias antes do ataque, na segunda-feira (4), para observar a rotina do colégio. O atirador diz que tirou a barba para não chamar atenção. Ele explica ainda que, meses antes, já havia ido à escola para planejar o ataque.

– Hoje, é segunda… Terça-feira, aliás. Eu fui ontem, segunda [à escola]. Hoje é terça-feira, dia 5. E essa foi uma tática para não despertar atenção. Apesar de eu ser sozinho, não ter uma família praticamente… Eu vivo sozinho, não tenho pessoas a dar satisfação. Mas, como eu precisava ir ao local e interagir com pessoas, para não chamar atenção, eu decidi raspar a barba.

Assista ao vídeo: 

Entenda o caso

Por volta das 8h de quinta-feira (7), Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, entrou no colégio após ser reconhecido por uma professora e dizer que faria uma palestra (a escola completava 40 anos e realizava uma série de eventos comemorativos).

Armado com dois revólveres de calibres 32 e 38, ele invadiu duas salas e fez vários disparos contra estudantes que assistiam às aulas. Ao menos 12 morreram e outros 12 ficaram feridos, de acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Saúde.

Duas adolescentes, uma delas ferida, conseguiram fugir e correram em busca de socorro. Na rua Piraquara, a 160 m da escola, elas foram amparadas por um bombeiro. O sargento Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, lotado no BPRv (Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário), seguiu rapidamente para a escola e atirou contra a barriga do criminoso, após ter a arma apontada para si. Ao cair na escada, o jovem se matou atirando contra a própria cabeça.

Com ele, havia uma carta em que anunciava que cometeria o suicídio. O ex-aluno fazia referência a questões de natureza religiosa, pedia para ser colocado em um lençol branco na hora do sepultamento, queria ser enterrado ao lado da sepultura da mãe e ainda pedia perdão a Deus.

Os corpos dos estudantes e do atirador foram levados para o IML (Instituto Médico Legal), no centro do Rio de Janeiro, para serem reconhecidos pelas famílias. Onze estudantes foram enterrados na sexta-feira (8) e uma foi cremada na manhã de sábado (9).

O corpo do atirador permanece no IML. Ele ficará no local por até 15 dias aguardando reconhecimento por parte de um familiar e liberação para enterro. Caso isso não ocorra, o homem pode ser enterrado como indigente a partir do dia 23 de abril. 

    

R7

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