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VÍDEO: Em Cachoeira dos Índios, sítio Cipó dos Monteiros celebra título quilombola e renascimento de tradições

Localizada em Cachoeira dos Índios, a comunidade guarda uma profunda trajetória de luta e resistência. Considerada como pilar da comunidade, a história da família foi resgatada através da exposição oral

Por Mathias Diniz com supervisão de Luiz Adriano

23/12/2025 às 20h11 • atualizado em 23/12/2025 às 20h38


Luta, trajetória e resistência, foram os temas pautados na edição dessa segunda-feira (22), do programa Diversidade em Foco, apresentado pela professora Maria do Carmo, na TV Diário do Sertão. A programação destacou a trajetória da Comunidade Quilombola, do Sitio Cipó dos Monteiros, que fica localizada em Cachoeira dos Índios.

​O Senhor Marzinho, popular local, expressou a satisfação da comunidade ao receber a portaria expedida pela Fundação Cultural Palmares. Durante seu relato sobre a Associação Comunitária, ele destacou que a oficialização é uma vitória coletiva e agradeceu aos mediadores que auxiliaram no processo burocrático e social. O título representa não apenas um símbolo de honra, mas o fortalecimento do acesso a políticas públicas e a proteção do território.

A história da família Monteiro, pilar da comunidade, foi resgatada durante as exposições orais. Segundo os relatos, a árvore genealógica teve início com a figura de “Mãe Joana”, uma mulher que, fugindo da escravidão e de perseguições em outras localidades, encontrou refúgio no Sítio Fátima. De sua união com o tropeiro José Monteiro, nasceu a linhagem da árvore genealógica da família Monteiro.

“Mãe Joana foi uma parteira. Na região, muitos desses Moreiras foi mãe Joana que assistiu. Naquele tempo não tinha maternidade. Tinha, mas era dificil as pessoas se deslocarem, então, vinha chamar mãe Joana, se fosse qualquer hora da noite, de madrugada, estivesse chovendo, ela não recusava, montava na garupa do cavalo e ia assistir, passava às vezes três dias. Enquanto a mulher não ganhava, ela também não saia de lá”, explicou Marzinho.

​Dona Espedita, de 92 anos, é a integrante mais experiente da família. Mesmo diante das marcas do tempo, Dona Espedita emocionou todos ao transmitir, através de seu olhar, a alegria da superação das dificuldades enfrentadas na juventude.

“Eu sofri muito, no tempo ruim, nós comíamos casca de pau no mato, rapava, tinha uma torceirona [conjunto de varias frutas], nós tirávamos a frutinha dela, era tipo umas bananinha, descascávamos e comíamos na roça e o suor caindo”, Contou dona Espedita.

​A identidade do sítio também se manifesta através do Senhor João Borges, de 80 anos, que narrou a trajetória da Banda Cabaçal Monteiros, considerada como patrimônio imaterial cachoeirense. Apesar da importância cultural, João aproveitou o momento para cobrar um olhar mais atento do poder público local, ressaltando a necessidade de apoio para manter vivo esse empreendimento de raiz.

​Foram os meninos e meninas da banda Cabaçal Monteiro que demonstraram que a tradição está longe de acabar. Com entusiasmo e domínio dos instrumentos, os jovens músicos reforçaram o compromisso de perpetuar a sonoridade nascida no sítio Cipó dos Monteiros, garantindo que o legado dos seus antepassados continue perdurando-se na comunidade.

Membros da família Monteiro – do Sitio Cipó dos Monteiros, que fica localizada em Cachoeira dos Índios.

NA TV DIÁRIO DO SERTÃO

O Programa Diversidade em Foco vai ao ar todas as segundas-feiras, das 16h às 17h, na programação da TV Diário do Sertão, sob a apresentação da professora Maria do Carmo, sempre debatendo temas sociais com foco em cidadania, educação, saúde, cultura e direitos humanos.

ASSISTA O PROGRAMA COMPLETO:

DIÁRIO DO SERTÃO

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