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De rosto coberto, menor se entrega por morte de adolescente boliviano

Jovem de 17 anos diz ter sido autor do disparo do sinalizador que atingiu e matou Kevin Espada, de 14 anos. Torcida sabia quando ele voltou ao Brasil

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25/02/2013 às 15h20

De rosto coberto pelo boné e pelas próprias mãos, o jovem H. A. M., de 17 anos, se apresentou na tarde desta segunda-feira na Vara da Infância e da Juventude, no centro da cidade de Guarulhos, para assumir a autoria do disparo do sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Beltrán Espada na noite da última quarta-feira, durante a partida entre Corinthians e San José, em Oruro.

Repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e curiosos se acumularam no local para esperar a chegada do jovem, que voltou ao Brasil de ônibus no último sábado. Em entrevista ao "Fantástico", no domingo, ele afirmou ser o responsável pela morte de Kevin. O adolescente apareceu na Vara da Infância no carro do advogado da Gaviões da Fiel, Ricardo Cabral, sentado no banco da frente e acompanhado da mãe.
 

O jovem é associado da torcida organizada há dois anos e estava na arquibancada destinada aos visitantes no estádio Jesús Bermúdez. Segundo Cabral, ele gostaria de ter se entregado na Bolívia depois que 12 corintianos foram presos, mas por estar sob responsabilidade da torcida, foi decidido que ele seria entregue à sua mãe. Havia temor por sua integridade física em caso de confissão na Bolívia.

A versão do advogado é que o garoto ficou em choque e muito preocupado após o disparo acidental do sinalizador naval. Cabral diz que o artefato foi comprado num camelô, no centro da cidade de São Paulo, e levado para a Bolívia. Ainda de acordo com o advogado, todos os objetos apreendidos eram de H. A. M..

– Aqueles sinalizadores apreendidos pertenciam ao menor brasileiro. Ele abandonou a mochila porque estava sendo hostilizado por membros da Gaviões, se afastou e depois retornou em outro lugar na arquibancada. Foi quando os policiais vieram e apreenderam mochilas, bandeiras – disse o advogado.

Em Oruro, dois torcedores foram indiciados como autores do crime por portarem sinalizadores: Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira. Os outros dez estão acusados como cúmplices. A expectativa da Gaviões é que a confissão amenize a situação dos brasileiros detidos – um deles, Tadeu Macedo Andrade, é diretor da torcida -, mas o embaixador do Brasil na Bolívia afirmou que o cenário, ao menos inicialmente, não deve ser alterado.

H. A. M. não pode ser extraditado, mas é provável que as autoridades bolivianas queiram participar da investigação, que será feita no Brasil. Ricardo Cabral afirma ter como provar que o menor foi mesmo o autor do disparo e que a confissão não se trata de uma estratégia para tentar que os torcedores sejam soltos em Oruro.

O advogado garante que ao comparar a identidade e a foto do jovem em sua ficha cadastral com a imagem ampliada do vídeo feito por uma emissora de televisão boliviana, que mostra de onde teria saído o sinalizador, não restará dúvidas que se trata de seu cliente.

Globo Esporte

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