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Domínio europeu no futebol diminui as chances de o melhor jogador do mundo ser sul-americano

Disparidade técnica e financeira exibida na atual Libertadores e na Copa América diminuem a expectativa por um time ou atleta de expressão mundial na América do Sul

Por Daiana Barasa - Biquara Contents

01/07/2019 às 15h36 • atualizado em 01/07/2019 às 15h41

Domínio europeu no futebol diminui as chances de o melhor jogador do mundo ser sul-americano

Desde o fim da Copa do Mundo de 2014, um dos principais debates no meio esportivo é o atual abismo existente entre os melhores times do futebol europeu e os do sul-americano. A eliminação da seleção brasileira na Copa seguinte, em 2018, acentuou o tema. Desta vez, não houve uma humilhação como o fatídico 7 a 1 em casa, diante da Alemanha. Mas permaneceu a necessidade de tirar lições do fracasso após a derrota para a Bélgica na Rússia.

A reflexão não vale apenas para o Brasil, mas para todas as seleções sul-americanas. Desorganização, falta de planejamento, ausência de modelo de jogo, queda na formação de atletas e ligas fracas são apenas alguns dos fatores que ajudam a explicar o abismo existente entre Europa e América do Sul no futebol, ilustrado por uma Copa do Mundo sem representantes do nosso continente entre os semifinalistas.

Tais problemas têm acarretado em um crescente desinteresse do público. A atual Copa América, disputada no Brasil em belos estádios utilizados na Copa do Mundo de 2014, passa por um grave encalhe de ingressos. Com ingressos caros, times fracos e os principais países do continente em dificuldades financeiras, especialmente os das seleções mais fortes, Brasil e Argentina, o povo parece desiludido. Nem mesmo o melhor jogador do mundo, o argentino Messi, tem conseguido engajar a torcida de seu país no torneio.

Messi, juntamente com Cristiano Ronaldo, tem sido protagonista no cenário futebolístico mundial já há mais de dez anos. O caso do meio do Barcelona parece cada vez mais atípico e longe de se repetir – um sul-americano como melhor jogador do mundo. Vale lembrar que Messi é argentino, mas nunca atuou profissionalmente em um clube de seu país. Se o seu talento é portenho, seu desenvolvimento é todo europeu. Se em tempos passados Messi seria parte uma extensa galeria de craques, hoje seu caso mais se parece com uma exceção.

Superioridade europeia também aparece entre os clubes

Os dados não deixam dúvidas de quem hoje domina o futebol. O Brasil foi o último sul-americano a ganhar uma Copa, em 2002. Itália em 2006, Espanha em 2010, Alemanha em 2014 e a França em 2018 estabeleceram o período mais longo da história das Copas sem a conquista de um sul-americano.

O futebol de base também tem visto um forte domínio europeu, o que aponta que as conquistas podem continuar no nível profissional. No Mundial Sub-20, a França bateu o Uruguai na final, em 2013, seguido pela conquista da Sérvia superando o Brasil em 2015 e a Inglaterra vencendo a Venezuela em 2017.

Um dos fatores que explicam esse distanciamento é financeiro. É para a Europa que vão praticamente todos os atletas que se destacam em alguma parte do mundo. Há também as infraestruturas de clubes e federações, complexos ultramodernos com instalações e profissionais capacitados que ajudam a potencializar o talento dos jogadores em formação.

A UEFA, entidade que comanda o futebol na Europa e responsável pelo principal campeonato de times do mundo, a Champions League, participa ativamente desse processo, reinvestindo nas federações o dinheiro que entra de patrocinadores e direitos de TV. Entre os clubes, o domínio europeu é ainda maior. Nos últimos dez anos, todas as edições do Mundial da Fifa foram vencidas por europeus – salvo em 2012, quando o Corinthians bateu o Chelsea. Centro do poder e do dinheiro do futebol internacional, a Europa forneceu 75% dos jogadores que estavam na Copa em 2018, um número recorde.

Esperança do Brasil, Neymar vai iniciar a temporada com a carreira em xeque

Com um inegável talento, o brasileiro Neymar permanece como a principal esperança de conquistas em nível internacional para o futebol sul-americano. Fora da Copa América por causa de uma lesão no tornozelo, Neymar viu sua carreira sair do prumo recentemente, com seguidos fracassos de seu time, o PSG, que só foi capaz de conquistar a fraca liga francesa, seguidas lesões e uma recente acusação de estupro, que já causou prejuízos em termos de imagem ao jogador.

Infeliz na França, Neymar projeta agora seu retorno ao Barcelona, clube em que se destacou e fez história conquistando a Champions de 2015 e fazendo gol na final, contra a Juventus. Neymar ainda tem esperanças de ser o melhor jogador do mundo e de conquistar a Copa do Mundo para o Brasil, subvertendo a lógica que se apresenta. Para isso, a colaboração de outros dois sul-americanos – Messi e o uruguaio Suárez – parece fundamental. A temporada 2015 já mostrou que junto o trio é muito mais forte. Talvez a reunião de três dos principais talentos do continente sul-americano seja o primeiro passo para o renascimento do futebol da região.

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