NO SERTÃO: Separadas, irmãs voltam a se reencontrarem após 45 anos com a ajuda da internet
Foi uma sobrinha das duas, residente em Conceição, quem conseguiu localizar Fátima pela internet
As irmãs Maria de Fátima Pereira e Francisca Lopes ainda eram adolescentes quando se separaram, e somente agora, passados 45 anos e já idosas, reencontraram-se. Muita emoção e lembranças de um passado tão distante, mas ainda marcante na memória pelos momentos bons e difíceis que passaram quando a família estava junta: irmãos, pai e mãe. “Éramos muito felizes naquele tempo, apesar das dificuldades”, diz saudosa Francisca, sentada ao lado da irmã recém-chegada e motivo de grande alegria.
Na época da separação, residiam no sítio Capim Grosso, município de Itaporanga, e cada uma precisou seguir o seu próprio destino: tomaram caminhos diferentes pelas circunstâncias nada favoráveis que enfrentaram depois da morte do pai aos 45 anos.
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De uma família de sete irmãos, elas nasceram e viveram por muitos anos em Conceição, especialmente no sítio Canas, mas a morte do pai, que era conceiçãoense, trouxe grande sofrimento para a família não apenas sentimental, mas material também, porque a viúva ficou sem qualquer amparo para manter o sustento dos filhos.
Dos sete irmãos, eram seis mulheres e apenas um homem. Sem o provedor da casa, enfrentaram a fome e a desesperança, motivando a mãe a voltar a Itaporanga, de onde era natural. A família passou a morar de favor em uma propriedade do sítio Capim Grosso, mas as dificuldades continuaram, e muitos dos irmãos se separaram por estas circunstâncias: Francisca, também conhecida como Rita, a mais velha, conheceu um rapaz de São José de Caiana e casou-se com ele, enquanto Fátima, a caçula, retornou a Conceição, onde passou a viver com um casal de trapezistas.
Acompanhando o casal no circo, ela percorreu grande parte do Brasil. Depois deixou seus primeiros patrões e foi trabalhar como doméstica para outra família. Depois casou-se e teve dois filhos, residindo hoje, aos 62 anos, na cidade de Rio Grande, estado do Rio Grande do Sul. Já Francisca permaneceu em Itaporanga, onde reside até hoje, na Rua Severino Diniz, centro de Itaporanga.
Foi uma sobrinha das duas, residente em Conceição, quem conseguiu localizar Fátima pela internet e passou o contato para Francisca em Itaporanga. As irmãs passaram a se comunicar e a vontade de se reencontrarem era muito grande. “Eu sabia que ela estava viva, mas não sabia aonde, e, quando a gente passou a se comunicar, foi muito bom, e melhor ainda foi poder me reencontrar com ela”, comentou emocionada Francisca.
Fátima deixou o Rio Grande do Sul no último dia 11 e chegou ao aeroporto de Campina Grande à noite. Lá a irmã Francisca já a esperava: o reencontro marcou o fim de uma separação de décadas. “Durante a viagem, eu orei muito, pois estava muito ansiosa pensando naquele encontro, fiquei preocupada porque tenho problemas de pressão, assim como minha irmã também, mas deu tudo certo, e, agora, estamos, aqui, juntas e muito felizes”, comentou Fátima, que deve retornar à cidade de Rio Grande no final do próximo mês. “Agora sou eu quem vou conhecer a terra onde ela mora, e a gente vai ficar se encontrando sempre”, disse sorridente Francisca.
DIÁRIO DO SERTÃO com Folha do Vali
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