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Adjamilton Pereira

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Votos de Natal

29/12/2010 às 19h56

É Natal. Tempo de trocas de presentes e de mensagens de otimismo e esperança. Mas, o que é o Natal? Um sentimento, uma emoção, um desejo de paz e renovação. Tudo pode traduzir e sinonimizar o Natal. Até mesmo um menino que nasce despojado de pretensões e suntuosidades significa o Natal. Uma família que, retirante e marginalizada de seu lar, abriga-se no currais dos animais, traduz o sentimento do Natal.

O Natal será sempre um sentimento. Sentimento que pode ser personificado em tantas famílias que, hoje, em todas as partes do mundo, se dilaceram e se esfacelam na individualidade e no egoísmo de pretensões e interesses pessoais. Famílias que, esquecidas do valor de uma palavra partilhada, acreditam que pertencem a um mundo globalizado e universalizado pela palavra fácil dos meios de comunicação virtuais que aparta e separa emoções e sentimentos.

O Natal será sempre um sentimento. Sentimento de tantos meninos que hoje, por tantos rincões do planeta, tem sua infância roubada pela violência, pela guerra, pelo êxodo, pelas drogas. Meninos e meninas que antecipam fases da vida na dura batalha de prostituir o corpo como derradeira alternativa de sobrevivência. Meninos e meninas que não ensinam nos templos, mas apenas aprendem na árdua luta da vida que Papai Noel é uma distante ilusão ofuscada pela fumaça viciante do craque e da fome.

O Natal será sempre um sentimento. Sentimento de tantas mulheres que, cotidianamente, são maculadas pela violência sexual, afetiva, social, cultural, étnica, religiosa. Mulheres que tem sua castidade vilipendiada nos apedrejamentos reais e disfarçados das prisões domiciliares, das interdições da voz e do pensar, dos silenciamentos forçados pela força do dominante. Mulheres que não apenas encobrem o rosto, mas ocultam a autoestima. Mulheres que são apenas convertidas em vítimas fatais do ciúme, do mando, da força, da intransigência.

O Natal será sempre um sentimento. Sentimento de tantos bons velhinhos que, distintos daquele de barbas brancas, gorro vermelho e jeito bonachão, cultivam e cativam a tristeza do abano e da solidão dos asilos e quartos negligenciados de casas de parentes. Velhinhos que a experiência da vida treme as mãos, intercala a memória, cambaleia o andar, fragiliza músculos. Velhinhos esquecidos da vida e do sentimento de esperança e boa aventurança que o Natal verdadeiro inspira.

O Natal será sempre um sentimento. Um sentimento de apelo verdadeiro ao amor, a solidariedade, ao desprendimento em prol dos desvalidos e desgarrados da sorte. Um sentimento que deve superar as ceias fartas, os presentes caros e supérfluos, as mensagens obrigatórias e vazias de verdade.

O Natal deve ser o sentimento de irmandade e humanidade que um Menino traduzido em luz e esperança nos ensina no gesto de seu nascimento humilde, de sua vida exemplar e de sua morte redentora. A todos os escassos leitores desta coluna, são esses os nossos votos de Natal e de um Ano Novo com mais gentileza.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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