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Adjamilton Pereira

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Um pulmão para Cajazeiras

25/06/2010 às 00h01

Por onde a cidade respira? Essa pergunta aflora em nossas cabeças sempre que andamos pelas ruas de Cajazeiras. Espremida entre casas, lojas, ruas estreitas, veículos e motos em excesso, a cidade se moderniza sem observar as mínimas regras de urbanidade e de civilidade. O que determina seu ritmo de crescimento é o interesse puro e escancarado do lucro. O que disciplina sua organização urbana é a intencionalidade de cada um em fazer tudo ao seu modo e ao seu critério, legando a todos uma colcha de retalhos indecifrável e de gosto duvidoso.

Nesse ritmo a cidade se descaracteriza. Uma das mais importantes e antigas formações urbanas do interior da Paraíba, Cajazeiras perde, a cada dia, os derradeiros traços de seu passado arquitetônico. Velhos casarões são explicitamente destruídos aos olhos inertes do poder público. Referências de antigos moradores são revisitadas apenas em amareladas fotografias arquivadas pelos amantes de sua história. Alguns fragmentos que ainda persistem se afogam entre placas gigantes e letreiros anunciadores de estabelecimentos comerciais.

A cidade se asfixia também porque se comprime entre ruas estreitas e raríssimas praças e parques. Essa tecla já é conhecida. No entanto, sua recorrência não tem sido forte o suficiente para sensibilizar o poder público no sentido de definir uma política pública de ocupação do espaço urbano. Política pública, ao invés de programa de governo, porque traz a mínima garantia de sobrevivência e durabilidade aquém dos governantes que, a cada quatro anos, se revesam na condução dos interesses e negócios municipais. Já se faz passado o momento de definir, por exemplo, a criação de parques urbanos que, arborizados e com os mínimos de equipamentos sociais, sejam espaço de concentrações humanas e de convergência de espetáculos e celebrações populares.

Um desses espaços pode ser localizado na parte norte da cidade, no trecho entre a chamada Estrada do Amor e o Campus da UFCG. Ou melhor, o que ainda resta da especulação imobiliária. Nesse trecho já existem alguns açudes e um terreno bastante degradado pelo uso incorreto do solo pela atividade agropecuária. Seria o momento de recuperá-lo com o replantio de árvores nativas e adaptadas as nossas condições de clima e solo, além de recuperar o trecho por onde corre o sangradouro do Açude Grande da cidade. A criação de pistas para as atividades físicas de corridas e caminhadas. A definição de locais para a realização de festas populares, como carnaval e São João, retirando esses eventos das áreas centrais e habitadas da cidade e reduzindo os transtornos que, anualmente, afetam moradores e quem precisa transitar pelas ruas centrais da cidade.

A criação de uma área livre na cidade pode ser completada com a revitalização do Açude Grande e a recuperação do Morro do Cristo Rei, que deve ser despido de suas antenas e casebres irregulares e revestido do Cristo e de árvores nativas. Mas isso não se resume a vontade política de um determinado administrador público. Necessário se faz converter a vontade e a ação em gesto concreto de política que, referendada pelo legislativo, seja executada independente do humor e da cor partidária de quem governa.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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