Túmulo de Jacob Frantz: abandonado e desprezado
Por José Antonio
Quando Jacob Frantz morreu, em 18 de dezembro de 1980, o povo da então Antenor Navarro, hoje São João do Rio do Peixe, num movimento liderado por sua esposa, Joana Etina Medeiros, se fazia necessário erguer um túmulo digno de um dos homens mais poderosos da Polícia Militar da Paraíba, no decorrer das décadas de 1930/1940, inicialmente como Oficial e depois como político.
Foi-lhe reservado um grande terreno, à margem esquerda da entrada da cidade, no sentido Cajazeiras/São João, todo murado e próximo da porta de entrada uma pequena placa: JACOB FRANTZ.
No último dia 19/06/2022, fiz uma tentativa de chegar até seu o túmulo, através de uma parte do muro que desabou, mas não foi possível, por causa de um imenso matagal, no entorno e dentro do espaço aonde se encontra seu mausoléu.
Dona Etina faleceu aos 92 de idade, em 17 de julho de 2017, em João Pessoa, foi professora, ex-secretária executiva do ensino fundamental do MEC e por muitos anos gerente do Hotel de Brejo das Freiras, no município de São João do Rio do Peixe. Seu corpo foi cremado e sepultado em João Pessoa.
Enquanto viva sempre teve os devidos cuidados com o espaço destinado ao túmulo de seu marido, mas tudo indica, que desde que foi residir na capital do estado o zelo a este tumulo deixou de ter os devidos cuidados.
O Coronel Batista, no site A Briosa, órgão destinado a fazer os registros históricos da Polícia Militar da Paraíba, traça um perfil de quem foi Jacob Frantz e exalta a sua importância como militar e político: “estudou na Escola Militar de sua cidade e foi oficial do Exército até 1930. Nesse ano, por ocasião da Revolta de Princesa — movimento rebelde irrompido em fevereiro em Princesa, atual Princesa Isabel (PB), em oposição ao governo estadual de João Pessoa, também candidato à vice-presidência da República na chapa da Aliança Liberal —, seguiu para a Paraíba como soldado junto com as tropas enviadas a esse estado pelo governo federal. Aí radicou-se, alcançando o posto de tenente-coronel da Polícia Militar e ocupando diversos cargos na administração pública: foi prefeito das cidades de São José de Piranhas e Antenor Navarro entre 1930 e 1936 e ajudante-de-ordens do governador e depois interventor Argemiro de Figueiredo (1935-1940). Comandou também a Guarda Cívica, integrada pela Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Trânsito. Foi superintendente dos serviços elétricos em João Pessoa e secretário do Interior e da Justiça do governo do estado.
Em janeiro de 1947, sempre na Paraíba, elegeu-se deputado estadual na legenda da União Democrática Nacional (UDN), assumindo sua cadeira nesse mesmo ano. Reeleito nos pleitos de outubro de 1950 e de 1954, licenciou-se da Assembléia Legislativa em janeiro de 1958, por ter sido nomeado secretário da Agricultura pelo governador Pedro Gondim (1958-1960). Permaneceu nessa secretaria por pouco tempo, pois teve que se desincompatibilizar do cargo para concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados, tendo reassumido, em seguida, sua cadeira no Legislativo de seu estado.
No pleito de outubro de 1958 foi eleito deputado federal pela Paraíba na legenda do Partido Social Progressista (PSP). Deixando a Assembléia Legislativa em janeiro de 1959, iniciou no mês seguinte seu mandato na Câmara Federal. Em 1960, candidatou-se a vice-governador da Paraíba na legenda do Partido Social Democrático (PSD), mas foi derrotado. Eleito primeiro suplente de deputado federal em outubro de 1962 na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), encerrou seu primeiro mandato em janeiro de 1963, quando findou essa legislatura. Retornou à Câmara em três oportunidades: de abril a maio e de setembro a dezembro de 1963 e de julho a outubro de 1964.
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), e no pleito de 15 de novembro de 1966 voltou a concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados em sua nova legenda, mas conseguiu apenas uma suplência.
Durante o governo de João Agripino (1966-1971), foi secretário de Agricultura e de Interior e Justiça. Tornou-se fazendeiro e líder político em Antenor Navarro, onde se fixou após deixar a política.
E como sempre, hoje jaz em um túmulo abandonado, cercado de um imenso matagal, na terra em que deixou um imenso legado.
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