Toda roupa veste um nu, mas CZ ganhou paletó e gravata
Cajazeiras teve seu processo de crescimento industrial, já vivenciado a partir da década de 20, mas praticamente arrefeceu com a trágica morte do Coronel Matos em 1940, no Rio de Janeiro, onde se encontrava para negociar máquinas e equipamentos para sua florescente indústria a partir dos derivados da semente de algodão.
Nesta mesma linha do setor terciário da economia, na década de 60, Galdino Pires viu ruir o seu “império” com a brusca e violenta queda na produção de algodão, provocada pelo famigerado “bicudo”, que dizimou os nossos portentosos campos de algodão, cujas conseqüências não só afetaram o pólo industrial, mas principalmente a economia do município como um todo.
Foi exatamente o algodão que importou duas grandes companhias: Anderson Clayton e Sanbra, que ao lado das já existentes no município moviam a economia, não só da cidade, mas também do estado. Foi o algodão que provocou a criação da 99ª agência do Banco do Brasil, em Cajazeiras, foi ele que tornou possível a construção do aeroporto para que Antonio Tomaz voasse até outros grandes centros do Nordeste trazendo e levando empresários e posteriormente a aviação comercial, consolidava a importância econômica do município perante o estado.
Dom Zacarias Rolim de Moura foi uma das poucas vozes que se preocupou com o declínio da produção algodoeira e o vi dizendo mais de uma vez, até nos sermões da missa das sete da noite, na Catedral, transmitida pela Rádio Alto Piranhas, que deveríamos buscar alternativas para substituir o algodão, e citava o gergelim e outras leguminosas, a exemplo do que fazia padre Rolim, entre 1840 e 1890, em suas aulas de botânicas e nas cartas de cobrança aos governantes, dentre eles o governador do Ceará.
A grande vocação de Cajazeiras, sem dúvida, é comercial, alavancada que foi pelo algodão e teve como um dos grandes expoentes o Coronel Peba, que além de grande produtor e comprador de algodão se tornou um grande empreendedor, até mesmo na área de saúde, na construção de casas residenciais e comerciais. Ao lado do Coronel Peba, considerado um dos mais afortunado, também tivemos outros grandes empreendedores.
Sem dúvida, não só a tradição do educador emérito Padre Rolim, fez prosperar o crescimento de Cajazeiras, mas foram os novos ricos, ao lado da igreja, com bispos também empreendedores, fizeram migrar para estas terras grandes instituições religiosas ligadas à educação, a exemplo das Irmãs Dorotéias e os padres Salesianos, que atendiam não só a elite cajazeirense, mas de outros estados do nordeste.
Mas o que tem a ver todo este preâmbulo com o paletó e gravata que Cajazeiras ganhou? Vejamos: recentemente o governo do estado inaugurou em Cajazeiras uma escola técnica e nela criou um curso voltado para a formação de mão-de-obra para vestuário/confecção, com o objetivo de atender uma demanda já existente na região e em especial em Cajazeiras e neste último dia 04 este setor de confecção de Cajazeiras ganhou um impulso que vai mudar a economia da região e estimular a consolidação do pólo têxtil do sertão, um sonho que começa a se tornar realidade, a partir do aporte de recursos que será injetado de R$ 6 milhões em créditos do Empreender, além da diferenciação tributária, que reduziu a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 1%, e a disponibilidade de terrenos para a instalação de novas fábricas têxteis fazem parte do conjunto de medidas anunciadas pelo governador para impulsionar o setor de confecções no sertão paraibano.
Indiscutivelmente, este aporte de recursos e as outras medidas, em plena crise econômica que vivemos se torna um poderoso instrumento, associado ao empreendedorismo, que possibilitará ampliar o setor industrial de Cajazeiras, a renda e o emprego de centenas de pessoas.
Àquela solenidade todos nós deveríamos ter ido em traje de gala e brindarmos com uma boa cachaça sertaneja, porque sem dúvida esta ação vai mudar a realidade desta região. “A esperança consegue abrir estradas até àquelas que são as mais difíceis”, disse o deputado Jeová Campos, um dos ardorosos defensores deste poderoso instrumento de crescimento humano.
Aplausos para o governador Ricardo Coutinho.
Viva o trabalho!
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