Tempos sombrios
As frutas de hoje não tem o mesmo sabor. Nem as pessoas. Tudo se alterou drasticamente nesta roda gingante cibernética, neste tempo de valores sombrios e relações com data de validade.
As brincadeiras infantis, outrora vividas na rua, agora se resumem ao touchscreen. Os trabalhos escolares, pesquisados em volumosas enciclopédias e almanaques (a lembrar a barsa de capa vermelha), seguem o lance do ctrl + C e contrl + V. Refrigerante causa diabetes. Biscoito recheado dá espinha. Bata-frita, colesterol. Criar um animal de estimação pode originar alergias. Tomar banho de chuva, resfriado. Portanto, qual a graça em viver?
Diante de uma sociedade em pleno colapso, as amizades são estratégicas, os envolvimentos amorosos: descartáveis. E qualquer um que ousar ser diferente do arquétipo do “homem pós-moderno” padecerá ante os olhos atrozes da intolerância. Um tempo em que os pais estão perdendo a autoridade para os filhos. Os jovens, concatenados a uma atmosfera virtual, criam seu próprio universo e não se incomodem em afligir leis e assassinar sua liberdade. As pessoas se reúnem, geralmente, para discutir dinheiro, vantagens. Isto quando não formam grupos de visões extremistas, carregadas de ódio.Esperteza simboliza trapaça. Puxar o tapete, sempre. Estender a mão, jamais.
Ah, quem dera ser apenas um ataque de saudosismo, como no poema de Cassimiro de Abreu. Mas do cenário dos meus oito anos, não vejo mais quase nada, a não ser a rara esperança contida nos nascimentos.
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