Como estudar gramática para concurso?”
Por Wallace Dantas
Com o surgimento da Linguística, com a publicação do Curso de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure, significativas análises e significativos estudos têm sido propagados como forma de contribuir com a compreensão das línguas (no Brasil, citamos os estudos de Mattoso Câmara Jr, tido como o pai da Linguística Brasileira, na década de 60). A partir de então, diversas vertentes da Linguística também surgiram na tentativa de contribuir com tais análises: Sociolinguística, Psicolinguística, Geolinguística, Linguística Aplicada – só para citar alguns exemplos.
A partir de então, considerando alguns teóricos, principalmente da Linguística Aplicada (doravante LA), surge a necessidade de compreendermos a língua a partir do texto, percebendo se há ou não uma comunicação concluída entre os interlocutores. A situação sociocomunicativa passou a ser vista com outros olhos, pois para muitos (quase todos) só há comunicação, interação, se houver compreensão por parte de todos os envolvidos no momento comunicacional.
Erroneamente, não por parte dos teóricos (não quero culpa-los), mas por parte de muitos leitores desatentos, por entender que apenas e tão somente que a compreensão basta, as normas da gramática foram deixadas de lado, com o argumento de que ninguém que usa a língua (que é viva e dinâmica) usa a gramática normativa com todos os seus ditames.
Socialmente falando, concordamos com a análise acima (que a nosso ver, é inadequada até certo ponto), mas não podemos, em hipótese alguma, desconsiderar as regras de nosso idioma, no caso, a língua portuguesa. Apesar de compreendermos que nos contextos diversos de interação, seja por meio da fala ou da escrita, temos que, em muitos casos, adequar nossa linguagem, defendemos também que, pelo menos, os falantes que apresentam certo grau da escolaridade devem, sim!, saber as regras mínimas da língua materna, afinal, como estamos a tratar de preparação para concursos públicos em diversos níveis, são essas regras que rotineiramente são exigidas nos certames.
Em outras palavras, queremos dizer que, concordamos com esse pensamento contemporâneo de que a base da comunicação é a compreensão entre os interlocutores, mas não significa dizer que temos que falar de todo jeito, esquecer as regras da gramática normativa e tudo o mais. Acreditamos que a linguagem deve ser, sim, adequada aos interlocutores, no entanto, não podemos deixar de vivenciar e usar as regras da gramática normativa. Defendemos a ideia de que as regras do português se tornam mais fáceis quando passam a ser do cotidiano dos seus falantes, principalmente, quando estamos falando de pessoas detentoras de graus de escolaridade.
Chamamos, então, a partir de tais considerações, a atenção dos concurseiros que sentem enorme dificuldade com as regras da gramática normativa. Muitos, infelizmente, nos difíceis dias que estamos vivendo, na tentativa de agalgar uma aprovação, pensam que em pouco tempo assimilarão todas as regras do português. Ledo engano!
A despreocupação com a obediência às regras do português tornam-no mais complicado. Um dos mais conhecidos argumentos é o de que “isso não usamos no dia a dia”, “no dia a dia falamos assim e não como essa regra”… Acreditamos que a regra gramatical só terá sentido se usada e não apenas estudada para esse ou aquele concurso.
Outro fator que nos preocupa diz respeito à falta de organização nos estudos pertencentes às regras do português. Muitos concurseiros, por exemplo, ‘começam’ estudando regência verbal e nominal, sem antes, terem passado pelo conceito de transitividade que, em tese, precede a regência e deve ser conhecido do estudante. Muitos concurseiros esquecem que existe uma estrutura gramatical a seguir e que certamente facilitará os estudos (lembramos, porém, que não estamos trabalhando aqui com o princípio da obrigatoriedade do que aqui está sendo defendido). Assim, do ponto de vista prático, apresentamos uma breve distinção que, pensamos, se seguida, ajudará o concurseiro nos estudos do português:
1 – Fonética e Fonologia (e tudo o que estiver relacionado a esse item);
2- Morfologia (Estrutura e Formação das Palavras. Classes Gramaticais);
3 – Sintaxe 1 (Termos Essenciais, Integrantes e Acessórios. Vocativo);
4 – Morfossintaxe (que seria a junção dos pontos 2 e 3. Salientamos que neste ponto que aqui trazemos como sendo independente é o que todos conhecem como ‘análise sintática’. Para analisarmos sintaticamente uma oração temos que entender de ‘morfologia’ e ‘sintaxe’ ao mesmo tempo);
5 – Sintaxe 2 (do Período (que por ser simples e composto – por coordenação e subordinação); de Concordância (nominal e verbal); de Regência (nominal e verbal e a ‘bendita’ Crase); de Colocação (uso dos pronomes oblíquos átonos com relação ao verbo da oração);
6 – Semântica (parte fundamental à Interpretação textual, mas que para que se tenha sucesso nesta parte, o concurseiro deve passar pelas anteriores).
Como podemos observar, um ponto para ser compreendido precisa do ponto anterior, isso significa dizer que as partes acima sugeridas (considerando o concurseiro que tem dificuldade em estudar português) não podem ser “puladas”, pois uma é fundamental para a compreensão da parte seguinte.
Certamente, tal sugestão não é regra e não deve ser tomada como uma camisa de força como falamos acima, no entanto, conforme nossas experiência com aulas para concursos, defendemos que, para melhor compreensão dos estudos normativos do português, a sugestão aqui apresentada facilitará aquele que tem alguma dificuldade em estudar as regras da língua portuguesa.
IMPORTANTE: nada, nada do quê até aqui falamos, apesar de tentarmos facilitar, realmente será fácil se o concurseiro não gostar de ler e não tiver um sistema de estudo rígido e com objetivos traçados.
Nos próximos textos, por fim, trataremos de aspectos mais significativos relacionados a cada parte acima sugerida. Bons estudos normativos da língua portuguesa a todos!
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