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Luiz Adriano

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Saudades dos tempos de duplo sentido

11/01/2021 às 16h06

Álbum de maior sucesso de Genival Lacerda: Severina Xique Xique, uma composição de João Gonçalves e do próprio Genival

Perdemos na última quinta-feira (07) um dos grandes nomes da cultura nordestina, do forró, do humor, em fim, nos despedimos de um dos maiores ícones do forró Pé de Serra, Genival Lacerda. Ele que com sua maneira brincalhona de fazer shows e de compor suas músicas, acabava atraindo milhares de fãs por onde passava. Um dos pontos mais marcantes na sua carreira foi usar do duplo sentido para aproximar os ouvidos e a atenção do público, das suas composições.

Paraibano de Campina Grande, Genival cantou Severina Xique Xique, Radinho de Pilha e tantos outros que ficaram na memória do público. O refrão “Eu tô de olho é na butique dela” marcou época e até hoje permanece. Podemos citar inúmeras obras de artistas que emplacaram nesse modelo de canção e fizeram bastante sucesso: Marinês com “Peba na Pimenta”, Jackson do Pandeiro com “Quadro Negro”, o Rei do Baião Luiz Gonzaga com “Karolina com K” e tantos outros.

Músicas como essas que citamos eram canções que em épocas passadas, familiares ouviam e mesmo sendo uma coisa implícita, nossos pais vez ou outra reclamavam: “Menino desliga esse rádio! Isso é coisa feia”. O duplo sentido daquela época não feria as mentes das nossas crianças, jovens e até adultos como temos vistos hoje em dia. Infelizmente, as ideias do duplo sentido de Genival Lacerda, Jackson do Pandeiro, Marinês e tantos outros, foram de certa forma mal interpretada por alguns “artistas” da atualidade que elevaram o nível de duplo sentido para um sentido completo.

Músicas, se é que podemos chamar de música, que é um verdadeiro filme pornô de forma audível, são tocadas por onde passamos, fazendo uma verdadeira apologia ao sexo com “novinhas”. Essa maneira de falar “novinhas”, não estipula a idade, ou seja, não dar para afirmar se a letra se refere a uma adolescente por exemplo, o que seria uma apologia à pedofilia.

Fica difícil está em um ambiente com seus filhos ou filhas de menor e ter que ouvir esse tipo de canção, se assim posso chamar. Nessas tais melodias que o mundo hoje entende como “normal”, elas além de incentivar o sexo sem compromisso, elas citam palavrões horrendos que em outros tempos, entendíamos como falta de respeito, mas hoje, há, hoje? Deus nos livre de reclamarmos, se assim fizermos, vamos ter que responder diante da Justiça por não aceitar a “Liberdade de Expressão”, em fim, como diz um certo programa de televisão: “Isso é o Brasil”.

Sinto saudades do tempo em que o duplo sentido era uma música que ouvíamos e por muita vezes, se não parássemos para entender, nem nos dávamos conta de que realmente tinha um foco sexual por exemplo. Era um tempo de respeito, de cautela, de galanteio, mas infelizmente, o nível foi elevado, ou melhor, ao contrário, foi intensamente degradado. Que Deus tenha compaixão do Brasil!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Luiz Adriano

Luiz Adriano

Radialista, Mestre de Cerimônia e graduado em Jornalismo pela Faculdade Maurício de Nassau em João Pessoa-PB

Contato: [email protected]

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Radialista, Mestre de Cerimônia e graduado em Jornalismo pela Faculdade Maurício de Nassau em João Pessoa-PB

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