Romualdo Rolim: o desfile de um século de vida
A cidade de Cajazeiras se irmana e se rejubila com as comemorações e festividades dos cem anos de vida do seu filho Romualdo Braga Rolim e dentre elas está programado para este dia 09, em sessão especial da Câmara Municipal a Outorga da Medalha João Bosco Braga Barreto.
Este fato é rico de significado, na mais tradicional e incontestável fidelidade e do amor às nossas tradições e origens.
Já se vai tanto tempo: são cem anos, desde a lamparina de gás, do tecido de algodão, do pão de milho com leite de vaca, da montaria a cavalo e das águas colhidas nas cacimbas de areia.
Centenária vida! Contada ano a ano, muitos cheios de esperanças, sonhos, devaneios, ilusões.
A memória das páginas da sua vida nos permite ler quão fecunda e promissora foram as suas lutas e embates.
Suas esperanças e sonhos foram maiores que suas vitórias? Se não as foram que importa? A sua maior vitória é está hoje entre nós para celebramos o dom da vida, vida longa.
De suas mãos quantas sementes foram lançadas ao solo? E neste labor e caminhada, por mais difícil que fosse, havia uma palavra mágica: perseverança, acompanhada de muito trabalho e luta.
Não deve ter sido fácil para Luís e Francisca criar, encaminhar e ensinar sua grande prole, formada por 12 filhos. A tradição da família Rolim tinha como conceito e visão que a enxada e a foice eram necessárias para produzir no Pé Branco a riqueza e os alimentos, mas melhor opção seria a escola: aprender a ler é ensinar a vencer. Foi com Crispim Coelho e os padres do velho e tradicional Colégio do Padre Rolim, que ele aprendeu muitas lições e se constituiu no principal passaporte para as suas viagens pelos caminhos da vida e dos negócios.
Inspirado nos ensinamentos e na grandeza do Padre Rolim e no sentimento de eternidade da nossa Mãe Aninha, baseado na educação e na fé, construiu no seu coração a imagem de amor a Cajazeiras e da vocação para o trabalho.
Nesta caminhada centenária o que falar de Romualdo: do homem com raízes profundas nas terras do Pé Branco, ou do balconista da loja de Timóteo Pereira, ou ainda do comprador de algodão e oiticica e do empresário construtor de estradas, açudes, casas e calçamentos ou do pecuarista?
O cheiro da terra molhada pelas chuvas de dezembro e do esterco do gado nos currais calaram profundamente na sua alma e sempre foram e continuam sendo sua grande paixão.
E as terras sempre o fascinaram e se multiplicaram muito além do Pé Branco e os caminhos passaram a apontar para a Carnaúba, Três irmãos, Jerimum e Queimadas, antes o algodão, depois a pecuária. O olho do dono é que engorda o boi.
Também enveredou pelos caminhos da política ao se eleger vereador na eleição de 1947, quando o país passava a viver o período da redemocratização. Dois fatos curiosos aconteceram nesta eleição: Romualdo e Ulisses Mota tiraram a mesma quantidade de votos – 234 e o que chama mais a atenção é que Romualdo foi eleito pela UDN e seu irmão, Acácio Braga Rolim, concorreu para vice-prefeito, que nesta época era dissociada da de prefeito, por outro partido – o PSD, mas não foi eleito.
Como vereador defendeu o Projeto de Lei nº 4, que isentava de imposto predial para quem construísse prédios para alugar, mais o Projeto nº 10 para a compra do Motor da Luz e do Projeto de Lei Nº 12 para a construção do Palácio Municipal e da Justiça, e outros projetos para isentar de impostos o transporte de passageiros por ônibus entre Campina Grande e Cajazeiras, além de verbas para construção do Tiro de Guerra, do Seminário, Coletoria Estadual e subvenção para a instalação de uma empresa telefônica em Cajazeiras. Uma das lutas dele foi a questão que envolveu o arrendamento da bacia do Açude Grande para que os agricultores nela pudessem plantar.
Como empresário foi o responsável pela construção do calçamento da Avenida Engenheiro Carlos Pires de Sá, das 300 Casas Populares e dos 23 quilômetros da estrada entre Cajazeiras e São João do Rio do Peixe, além de inúmeras outras obras pelos estados da Paraíba, Piauí e Maranhão.
O que marca a vida de Romualdo é o seu mais irrestrito amor por Cajazeiras, basta saber que todo o imóvel que adquiriu ao longo de sua vida nunca os vendeu para empregar em João Pessoa, principalmente a sua casa da Praça Nossa Senhora de Fátima, uma relíquia da família.
Hoje Romualdo colhe as flores e os frutos que plantou e tem o direito de contemplar a sua eterna enamorada, beijar-lhe a face e sussurrar eu seu ouvido: Cajazeiras, eu te amo.
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