Rica Paraíba de Pobres Políticos
Por Gildemar Pontes
Para que não pairem dúvidas sobre meu último artigo, inverto o título para falar de uma riqueza imensurável que encontrei na Paraíba, a sua cultura. É fato que grandes nomes vicejam nas letras paraibanas, Augusto dos Anjos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Ariano Suassuna, Assis Chateubriand, Celso Furtado são estrelas e sustentam um cânone literário, que traz outros nomes importantes. E é do sertão que gostaria de louvar grandes escritores.
Cajazeiras tem o seu primogênito das Letras na figura do Padre Inácio de Sousa Rolim, que escreveu e lecionou para um sertão desletrado e árido de idéias. Foi o padre que catequizou e batizou obras que ficaram nos anais da história da educação e da ciência tupiniquim, num tempo em que o cangaço e o coronelismo davam as cartas pelo viés da violência e da ausência do estado. Outro nome que contrariou a regra foi o romancista Ivan Bichara, político, não deixou esse fardo contaminar negativamente sua pena de homem das letras. Na poesia, saltou o professor de francês Cristiano Cartaxo, o poeta do por do sol contemplou uma cidade em arroubos de adolescência e sacramentou seu nome como lídimo representante da musa sertaneja nordestina. Seu contato com a intelectualidade cearense fez com que se unisse espiritualmente e por herança a outro grande escritor, Mozart Soriano Aderaldo, amigo saudoso.
Em contraparte a esta riqueza de idéias e elevação do gosto refinado pelo saber escolar e artístico pululam a mais canalha política que se tem notícia. E eles são pródigos em desconstruir. Desconstroem pontes, asfaltos, praças; poluem rios, lagos, açudes; adoecem homens, mulheres e crianças; analfabetizam jovens… Que raça é esta que distribui sorrisos e tapinhas nas costas com dentes de felinos e garras afiadas? São os que ao fim do mandato estão ricos às custas do ignóbil eleitor. São os que montam fábricas, indústrias, adquirem patrimônio incompatível com o salário que receberam. Precisa citar nomes? Não. São ex e atuais vereadores, deputados estaduais e federais, prefeitos, governadores, presidentes e os seus eternos sanguessugas, aliados que conseguem trair a própria família, se em troca tiverem alguns tostões.
E o povo, que é a força do trabalho e precisa de reconhecimento em forma de qualidade de vida, está atônito nos confins da sua ignorância e aos descuidos dos incompetentes e salafrários governantes. Será o caos? Não haveria exceções? Talvez. Quando a escola for valorizada, a cultura fizer parte do saber de todos e a juventude troque o hedonismo barato, pelo carpe diem dionisíaco da música clássica, do ballet, do teatro, da literatura universal, aí sim, seremos felizes sabendo que somos.
Agora só falta educar os políticos, conter a sua ganância e extirpar os corruptos da vida pública. “O povo não que só comida/ o povo quer comida diversão e arte”.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário