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Edivan Rodrigues

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Reflexões sobre a mídia paraibana

14/06/2010 às 00h49

O hábito de ler jornais vem de longe, quando ainda morava em Cajazeiras e estudava no Ginásio Salesiano Padre Rolim. Os periódicos chegavam de Recife, João Pessoa e Fortaleza, pelo Correio, 2 ou 3 de uma vez, e eu os lia na ordem cronológica para não estragar o prazer das novidades. O costume continua, agora com os olhos na tela do computador, a correr o mundo, sempre que posso. Esse apego à leitura diária cresceu mais ainda com a graduação de dois filhos em jornalismo, aqui no Recife, muito embora eles tenham derivado para outras profissões: a filha virou tradutora na Alemanha e o outro, empresário de confecção de moda jovem. Como escrevo também para jornal de João Pessoa, aumenta em mim a curiosidade e o senso crítico fica mais aguçado. Daí estas reflexões, mesmo correndo o risco de incorrer em julgamento apressado.

Todo esse papo é para dizer que acompanho a vida política e econômica da Paraíba, sobretudo pela internet, salvo nas freqüentes idas a João Pessoa e Cajazeiras. Não fora a modernidade tecnológica de jornais eletrônicos, portais, blogs e afins, eu diria que, no aspecto político, estacionamos no tempo, tal o partidarismo impregnado em notícias, colunas políticas e outros espaços. Um fato não é um fato. É uma posição transportada para a tela, para o papel. Na voz do radialista, então, que horror! A recomendação de ouvir “o outro lado” é esquecida com freqüência. O fato some. Imerge para voltar, em seguida, inteiramente desfigurado, num emaranhado de ilações com a marca do interesse inconfessável de quem preparou o texto. A versão (distorcida, é claro) é mais importante do que o fato. Aqui vendemos versões, pouco importa seu lastro real. O que termina sendo uma terrível agressão ao senso comum. Exemplos? Nem preciso indicá-los. Eles estão à vista de todos, diariamente, com as exceções que o leitor identifica com facilidade.

Compartilhei essas coisas com um velho amigo, aferrado à imprensa paraibana desde sempre, com quem divido angústias, alegrias e, sobretudo, a paixão da boa leitura, nossas afinidades mais numerosas do que as divergências. Pois bem, após recordar episódios históricos, falar de antigos jornais partidários, nascidos no calor de campanhas políticas da República Velha e do tempo da UDN e do PSD, ele me remeteu a Nelson Verneck Sodré, militar, professor do ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Quem sabe, eu pudesse encontrar no livro daquele escritor, “História da imprensa no Brasil”, explicações menos prosaicas para a enviesada mídia da Paraíba contemporânea. Veja isto, me mostrou o livro já aberto:

“É agora muito mais fácil comprar um jornal do que fundar um jornal; e é muito mais prático comprar a opinião do jornal do que comprar o jornal.”

O “agora” do trecho de Verneck Sodré se refere ao ingresso da imprensa brasileira no padrão capitalista de produção da notícia, no início do século 20. Outro contexto, obviamente. Nada a ver, portanto, com a triste realidade da mídia paraibana de nossos dias. Apesar disso, cedi à tentação de transcrevê-lo no intento de jogar réstia de luz nesta época de desvario midiático. Desvario exposto sem pudor em modernos instrumentos de tecnologia da comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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