“Quero ser prefeito”
Por José Antonio
Encontrei nos meus arquivos um recorte do jornal Diário do Nordeste, edição do dia 17 de junho, de 2012, uma carta de Aldzuir Damião Rebouças Júnior, da cidade de Icapuí-Ce, com o título “Quero ser prefeito”, que traduz o seu pensamento, como cidadão, de como se comportaria ao ser prefeito de um município, que transcrevo:
“Madrugada, acordei, busquei dormir e não consegui, comecei a refletir sobre política, reavaliei seus conceitos sobre candidatura a cargo eletivo e tive a idéia de procurar um empresário empreendedor para financiar minha campanha para prefeito. E é o que vou fazer!! Mas, sendo eleito, vou logo avisando: não serei um prefeito populista; não posarei como garoto-propaganda de creme dental; não tomarei cachaça em praça pública até ficar em visível estado de embriaguez e “botar boneco”; não nomearei parente algum para cargo de confiança; não postularei reeleição; não liberarei alvará para construção e funcionamento de posto de combustíveis para familiares, em detrimento de qualquer munícipe; terei apenas uma primeira-dama de fato e de direito; não permitirei a execução dum mesmo serviço, num mesmo período de tempo, por duas pessoas diferentes e percebendo valores distintos, e ainda mais sobrinho do ex-prefeito; e, não locarei de nenhum correligionário e/ou amigo pessoal veículo para ficar à disposição do meu gabinete. Optarei pelo sistema de leasing que é mais viável economicamente para o município. Criarei e implantarei com o empresário empreendedor uma verdadeira política de emprego e renda no município, com total isenção fiscal de pelos menos 12 anos, doarei um grande terreno com toda a estrutura para implantação de uma grande indústria, e dele exigirei apenas que todos os empregos gerados sejam oferecidos aos munícipes e com salários dignos e condições de trabalho satisfatórias, conforme estabelece nossa Constituição Federal e a Consolidação de Leis do Trabalho. Como sou empregado de uma empresa estatal e percebo salário próximo ao de prefeito, eu posso optar por qualquer um, ou seja, continuarei recebendo da companhia, ficando à disposição do povo e da cidade e assim nem mesmo minha remuneração sairá dos cofres públicos municipais. Ainda, apresentarei publicamente minha declaração de bens e rendimentos quando de minha posse e ao fim do meu mandato. Em seguida, retornarei ao meu trabalho, onde ingressei através de concurso público”.
Já imaginou, se todos os prefeitos administrassem conforme o que escreve o Aldzuir? O povo seria o grande beneficiado.
Bosco Barreto e Arcanjo Albuquerque
Quando Bosco Barreto foi intimado para depor na polícia federal, na cidade do Recife, um dos convocados para testemunhar no processo foi o comerciante Arcanjo Albuquerque. Naquela ocasião, indagado sobre o que tinha a dizer sobre o “agitador”, Arcanjo disse: “Conheço Bosco desde muito jovem. É um cidadão de bem. Não tem feito outra coisa na vida a não ser ajudar aos mais pobres e humildes de nossa Cajazeiras. Se não fosse os apelos dele não teria vindo ajuda do governo para minorar a fome de muitos cajazeirenses”. Ao saber da morte de Bosco, Arcanjo relembrou o fato e lamentou profundamente a morte do velho admirador e rematou: “foi o maior político de todos os tempos em Cajazeiras, o único que sempre esteve ao lado dos pobres e a disposição dos mais humildes e sedentos de justiça”.
Bosco Barreto no Recife
Quando fui estudar no Recife, em 1966, ao cruzar, no primeiro dia de aula, os portões da velha e tradicional Universidade Católica de Pernambuco, no pátio, uma grande concentração de estudantes. Em cima de um banco estava o estudante Bosco Barreto falando: “temos de combater esta ditadura que está nos sufocando…” Fui para bem perto do “palanque” improvisado aplaudir o jovem militante político, o guerreiro, o agitador, o “comunista”. Logo a seguir a Universidade ficou cercada pela cavalaria da Polícia Militar de Pernambuco e de agentes da Polícia Federal. Poucos “agitadores” escaparam dos enormes e vigorosos cassetetes da PM. E este episódio se repetiu muitas vezes… até que um dia, finalmente, os rifles voltaram aos quartéis. Mas a voz de Bosco não calou.
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