Profissão de fé
Diz-se que o tempo é o senhor da razão. A cada horizonte que flagramos descobrimos outro mais distante e o tempo que é hoje, a cada passo adiante já é o ontem.
Existe o tempo de nascer, crescer, plantar, colher e no processo natural da vida chega à morte, que é extremamente forte, mas a vida a domina e segue inexoravelmente o seu caminho, o que fica na poeira do caminho é história.
E neste caminhar entre o nascer e morrer existe os homens que se tornam líderes e assumem os destinos de um povo, de uma cidade e de uma nação. Uns se consagram pelo vigor e capacidade de vencer crises, outros pela sabedoria, poucos pela humildade e por saber ouvir pelos dois ouvidos.
Os grandes homens, registra a história, se consagraram a partir da oportunidade do “contraditório” e magistralmente com sabedoria, humildade e inteligência faz quedar os seus opositores, algumas vezes com sábias palavras, em outras simplesmente com o silêncio. Uma grande vitória só tem sentido quando do outro lado existe um valoroso combatente.
As velhas raposas afirmam que o tempero da política é a traição, principalmente quando esta traição vem da parte do povo que não sabe perdoar aos que o atraiçoam, fugindo aos compromissos solenemente assumidos em praça pública, mas este mesmo povo não sabe esquecer aqueles que lutaram e se interessam pelos seus destinos. Qualquer homem público tem conhecimento profundo, que ao plantar as sementes da gratidão as verá um dia a germinar na alma cativa do povo redimido.
Ingratidão, rancor, ódio e mágoa jamais deveriam fazer parte da vida de qualquer homem público. Já nos contava um velho observador da política cajazeirense, que presenciou o seguinte fato de uma velha raposa política: certa vez ao encontrar com um antigo correligionário, a quem tinha lhe dado um emprego nos Correios e Telégrafos, foi logo dizendo: “amigo velho tomei conhecimento que você não votou comigo, mas espero que na próxima eleição não vá esquecer-se de mim”.
Existe ainda aquele político que acredita que o poder está inscrito no rol da eternidade, fica ouvindo por um ouvido e “emprenha” na primeira informação, e os olhos não giram em torno de si para observar o que está acontecendo ao seu redor.
E os que apregoam uma inelutável vocação democrática da boca para fora? Vitoriosos, o que praticam? Relega o povo a uma categoria abstrata e criam condições e subterfúgios para encher a sacola das secretas ambições e transformar o exercício do poder numa feira familiar e de amigos.
Neste grave e doloroso período da vida dos cidadãos, quando as vozes são de descrédito, desânimo e nojo na classe política, quem estaria à altura da gloriosa missão, a iluminar esta noite de trevas para que o povo pudesse seguir à cidadela dos seus anseios democráticos?
“O preço da liberdade é a eterna vigilância”. É preciso vigiar, mas a quem deveremos entregar os contrafortes da cidadela? Confiar em quem? Fazer a nossa profissão de fé em quem? Para qual lado devemos olhar e vislumbrar os horizontes da esperança, da verdadeira mudança?
Infelizmente não temos observado mudanças significativas na gestão pública. As efusões de sentimentos de mudanças eram plenas. Muitas são as necessidades suplicantes de atos diferentes, singulares, mas a esperança ainda não chegou a desertar do coração do povo e nem os vendavais que os inquietam e os gestos que ameaçam solapar os seus valores essenciais, jamais alcançarão a indomável vontade de melhores dias e renovação.
Precisamos voltar a crer, mesmo diante desta imensa apatia, que contamina o solo e dilacera as raízes, nas estruturas que sustentam a democracia brasileira.
Eu creio. Creio que nos caminhos do idealismo, através dos quais iremos lançar as sementes que irão fecundar uma legião de grandes homens, cujos valores, gestos e palavras irão dar condições e dignificar a vida pública.
É preciso fé para poder vencer!
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