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Adjamilton Pereira

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Possibilidades de tolerância

18/08/2013 às 21h26

A recente visita do papa Francisco ao Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude foi um expressivo momento para conhecermos uma das mais instigantes personalidades mundiais que surge neste começo de século. E ele se destaca não pela arrogância da posição que ocupa, não pelo poderia das armas mortais que, ameaçadoramente, ostenta em seu arsenal, não pela pujança da força econômica de sua economia, não pela rede de articulações e conchavos que entrelaça poder econômico e força política nas chamadas democracias liberais modernas. 

Sua notoriedade reside em um aspecto que pode parece insignificante ou mesmo jocoso para muitos que, investido da presunção que o poder desencadeia, menosprezam ou negligencia a humildade. É esta a marca mais significativa da atuação do papa Francisco.

Reiteradas vezes ele recusou a ostentação e a pompa, preferindo sentir o calor das pessoas, sobretudo, daquelas que o consideram um líder e um condutor de suas vidas e de suas esperanças. Sem recear o abraço de um corpo suado e ensopado de chuva, sem se constranger ante do sofrimento provocado pela doença e pela degeneração humana, sem se intimidar ou refrear diante da angustia de quem se encontra mergulhado no desespero e na degeneração das drogas. O abraço se apresentou verdadeiro, a palavra incorpora o sentimento da verdade, o gesto revela o propósito das ações e das intenções. 

Mas, para mim, a principal imagem da visita do papa Francisco ao Brasil foi a confirmação de sua inesgotável capacidade para viver e praticar a tolerância. Ainda quando arcebispo de Buenos Aires Francisco já tinha esse como um princípio fundamental da convivência humana. Os inúmeros encontros que mantinha com lideranças judaicas e de outros credos buscando discutir possibilidades de superação de arestas e divergências e tentando costurar formas de construção de uma convivência ecumênica é vista como uma sincera e autentica manifestação de tolerância e respeito a divergência e a diversidade.

Essas questões me assolam quando, recentemente, a convite de uma afilhada, participei de uma solenidade em um Grupo Espírita da cidade. A forma afetuosa como todos foram acolhidos, as mensagens de paz e esperança sinonimizadas em um aperto de mão, em uma acolhida de seja bem vindo, em um abraço de recepção, foram verdadeiras manifestações de tolerância e de vivência de humanidade.

Durante o evento me causa impressão o sentimento de paz e bem estar que dominava o ambiente. Percebo que falar em um Deus não carece de uma linguagem única, de um templo específico, de uma voz única ou de um ensinamento exclusivo. Deus se manifesta em todos aqueles que, a revelia da pele, do sexo, da posição social, da língua, enxerga no seu vizinho a semelhança que nos faz humanos e membros de uma mesma comunidade. 

O divino em nós pode ser experimentado no abraço verdadeiro, no conforto ao sofrimento, no lenitivo para a dor, no refrigério para as feridas, no bálsamo para o desespero e para a aflição. E como essas situações nos escancaram as diferenças e as desigualdades, caminhamos pela trilha da intolerância, da arrogância e da presunção. Mesmo com a força do exemplo de Francisco e de todos que apostam num mundo fraterno.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

Adjamilton Pereira

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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