Para onde iremos?
A Organização das Nações Unidas (ONU) anuncia que ultrapassamos a casa dos sete bilhões de habitantes no planeta terra. Dimensionar esse número em termos reais em uma tarefa árdua. Sobretudo, quando nos perguntamos se o planeta ainda dispõe de espaço e condições satisfatórias de abrigar todo esse contingente, oferecendo alimento, moradia, ar respirável, água doce de qualidade, terra agricultável para o plantio de alimentos e a criação de animais. Enfim, condições mínimas de salubridade que respeite os princípios elementares da vida.
Os números anunciados trazem algumas reflexões que se apresentam imperativas para o futuro do planeta tão vilipendiado nos últimos séculos com a adoção de um modelo de desenvolvimento assentado na racionalidade e na ciência consideradas como medidas finais de todas as coisas. Nessa compreensão, os recursos da natureza eram vistos como inesgotáveis. Os mares, rios e oceanos; as florestas solos e bichos podiam ser dizimados em nome de um progresso que iria redimir os homens de qualquer sujeição e, num futuro palpável, instalar um tempo de liberdade. O futuro chegou, mas a liberdade continua sendo uma quimera que se insinua no horizonte com a real ameaça do aquecimento global e todas as possíveis consequencias que a própria ciência aponta como possibilidades concretas para décadas próximas.
Além do aquecimento global, o desenvolvimento racional produziu, em todos os quadrantes do planeta, situações estarrecedoras: fome, guerras imperialistas, expansão de tecnologias que alteram o ciclo natural das espécies e provoca desequilíbrios ecológicos ainda não seguramente dimensionados. Não precisamos ir buscar referenciais em outras realidades. No Brasil, anualmente, tragédias humanas se repetem como a reeditar a macabra crônica da morte anunciada. Em muitas de nossas cidades habitações precárias erguidas em encostas de morros, em áreas de córregos, em terrenos inadequados, ruem aos primeiros sinais de uma chuva mais forte.
Soterramentos causam tristeza, desestruturam vidas, comovem populações e servem como espaço para a manifestação de práticas políticas perniciosas, quando governantes bradam aos quatro ventos que estão adotando as providências necessárias para a não mais repetição das tragédias que, a revelia da politicagem, ocorrem em todas as partes, matando pessoas, destruindo expectativas, causando tristezas.
E assim, a grande maioria dos mais de sete bilhões de habitantes do planeta segue teimando em viver nas favelas brasileiras, nos escombros do Haiti, nas aldeias famintas da África, nos campos de refugiados em várias partes do globo, nos acampamentos de sem terra, sem teto, sem pátria. E a cada vida que nasce a desesperança de um planeta que, azul do alto, nas suas entranhas revela as cinzentas mazelas humanas.
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