Paixão política e baixaria
A internet está cheia de baixarias, nascidas em variadas fontes. Preponderam, contudo, aquelas geradas na paixão dos que temem perder o poder em outubro, como aponta o cenário depois da trágica morte de Eduardo Campos. A perspectiva de passar o governo a outras mãos tem levado a liderança e a militância do PT a comportar-se de modo insano, sem respeito aos adversários, sem nenhum pudor, empurrado pelo medo do insucesso eleitoral passível de ocorrer. O temor da alternância democrática do poder tem levado muitos petistas a perder a compostura, fazendo-os agressivos e insanos.
As redes sociais refletem esse cenário de desespero, tantas são as baixarias dirigidas a Marina. Termos chulos são usados desprovidos de sentido. Declarações inventadas ou distorcidas, ilações forçadas, casos irreais atribuídos àquela candidata transcendem os limites do bom senso. Agridem a inteligência. E provocam indignação até mesmo de lideranças e de simpatizantes do PT. Recuso-me a comentar essas aleivosias. Prefiro focar outro campo, muito embora represente igual desserviço à democracia, como o uso de táticas usadas no passado contra Lula e hoje aplicadas, sem pudor, a Marina. Pura histeria, por exemplo, associá-la a Jânio Quadros em contextos tão diversos!
E mais, faz-se terrorismo com o Bolsa Família, atribuindo a Marina o desejo de eliminar aquela grande conquista social da era Lula, aliás, iniciativa de Fernando Henrique, jamais reconhecida pelo PT. Jogo baixo. O Bolsa Família transformou-se de ação de governo em programa de Estado. Depois, comparam Marina a Collor de Mello, em alusão à previsível fragilidade da base parlamentar, “esquecidos” de que Lula subiu a rampa do Planalto em situação parecida! E adotou o “toma lá dá cá”, sob a alegação de que “eles também fizeram assim”… E seguiram copiando o PSDB na montagem do mensalão. Até o operador foi o mesmo, Marcos Valério, atualmente companheiro de prisão de cabeças coroadas do PT, PP, PTB. E ainda, ao citar Collor, os petistas trazem à cena o incômodo aliado de Dilma, candidato a senador em Alagoas contra Heloisa Helena. Quanta burrice!
Não é só militante anônimo a cair em tais insanidades.
Humberto Costa, líder do PT no senado, ex-ministro de Lula, tratou Marina com deboche, ao chamá-la de “Fernando Henrique de saia”. Ora, queiramos ou não, FHC é responsável por domar a inflação, devolvendo estabilidade à moeda brasileira. Fato histórico, aliás, nunca reconhecido pelos petistas, mas sentido e aplaudido pela população. Outras figuras próximas ao PT, de larga audiência nos meios acadêmicos e midiáticos, acionam o alarme ideológico e anunciam a catástrofe: Marina governará com a “direita”… Vai entregar-se ao Banco Itaú, levado por Neca Setúbal, filha de Olavo Setúbal… Deus do Céu, como a paixão cega até mesmo mestres e doutores! E apaga a memória. Quem presidiu o Banco Central nos dois governos de Lula? O banqueiro Henrique Meireles. Quem era Meireles? Deputado do PSDB, que saíra da direção internacional do Banco de Boston, poderosa instituição financeira dos Estados Unidos.
Por tudo isso, vale a pena ouvir quem conhece Marina de perto, o senador do PT do Acre, Jorge Viana: “A ideia de comparar Marina a Collor ou a Janio Quadros é desinteligente. Querer buscar nela desvio ético é também perda de tempo.” Um tiro nas baixarias que inundam as redes sociais pelos próprios companheiros de partido.
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