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José Antonio

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Padre Luiz: uma estrela que nunca deixou de brilhar

09/10/2020 às 11h12

Coluna de José Antônio

Padre Gualberto, se vivo estivesse, estaria completando 99 anos de vida, neste dia 14 de outubro de 2020.

Tê-lo como amigo foi uma dádiva de Deus; como meu diretor um registro que marcou a minha história de vida; como conselheiro, só grandes e profundos ensinamentos recebi que ainda hoje os sigo e como confidente guardou em seu coração as minhas confissões.

Quantas horas passamos juntos, dentro de um fusquinha, cortando as ainda estradas poeirentas do Nordeste, em busca de soluções para a implantação e consolidação da FAFIC? Inúmeras. Quando não era no seu fusquinha, o meu que era mais velho, também era utilizado.
Humilde e desapegado ao poder. Costumava dizer: não se larga uma mulher para dela ser vizinho, isto para fazer uma analogia aos cargos de direção de instituições públicas e de funções na igreja que sempre ocupou; quando era dispensado mudava de cidade e era muito difícil voltar a por nelas os pés.

Dinheiro? Bastava o suficiente para a sua manutenção. Nomeado professor e diretor do Campus V da Universidade Federal da Paraíba, e na época era o melhor salário da cidade, mas renunciou aos dois cargos logo após a nomeação do novo diretor da instituição, apesar dos apelos dos amigos e do Reitor da Universidade e foi viver com o mísero salário de professor do estado.
Outro fato que demonstrava o seu lado missionário, porque foi assim que ele entendeu ao ser nomeado pelo bispo da Diocese de Cajazeiras, Dom Zacarias Rolim de Moura, para ser o diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras, em 1969, por determinação sua mandou registrar na sua carteira de trabalho 1 salário mínimo, igual ao de Dona Maria, a mulher encarregada de fazer limpeza da faculdade.

Poucos sabiam da generosidade de seu grande coração: alunos carentes não pagavam a mensalidade da faculdade, muito embora fossem grandes as dificuldades financeiras da instituição e muitos receberam um diploma graças a esta sua valiosa colaboração. E quando faltava dinheiro no cofre tomava emprestado de alguns amigos ou no Banco do Brasil, mas os professores e os outros compromissos eram saldados a tempo e a hora.

Gostava de ser desafiado, mas sempre encontrou soluções para que a FAFIC e o velho e tradicional Colégio Diocesano Padre Rolim crescessem em suas mãos e quando necessário se fazia, sem temor, batia nas portas dos gabinetes dos deputados federais e senadores, em especial nos de Wilson Braga e Rui Carneiro, que ao longo de seu caminho, se tornaram amigos destas instituições e sempre disponibilizaram recursos para saldar os compromissos.

Foram dez anos de luta em defesa da consolidação de um sonho perseguido por Dom Zacarias, a criação da FAFIC, que se transformou em 1º de agosto de 1979, no Quinto Campus da Universidade Federal da Paraíba, numa hábil negociação do Reitor Linaldo Cavalcanti de Albuquerque, Dom Zacarias Rolim de Moura e Padre Luiz Gualberto de Andrade, que num gesto magnânimo fazia chegar aos rincões dos sertões da Paraíba, algo jamais imaginado: o Ensino Superior Público e Gratuito, passo definitivo para transformar a cidade de Cajazeiras num importante polo de ensino, tentado resgatar as suas tradições de terra da cultura e do saber.

Vivi e convivi com Padre Gualberto todos estes momentos, desde a fundação da FAFIC até a implantação do Centro de Formação de Professores de Cajazeiras e pude ao longo tempo testemunhar do quanto se dizia orgulhoso por ser o responsável maior e de ter tido a visão para fazer chegar o ensino superior em Cajazeiras.

Cajazeiras poderá um dia deixar de ser “madrasta” e fazer justiça ao Padre Gualberto, o maior expoente da educação de nossa terra, depois do Padre Rolim.

No próximo ano estaremos comemorando o centenário de seu nascimento, quem sabe não é chegada hora de colocá-lo no Panteão dos construtores de Cajazeiras?

A história lhe fará justiça.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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