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Renato Abrantes

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Oração do ser

03/02/2011 às 00h00

A vida é mestra e muitas são as suas lições. O bom discípulo está sempre atento e não deixa escapar uma só de suas prédicas. Não há tempo para intervalos e os que insistem em descansar vão ficando para trás.

Somos corpo e alma. Eis a máxima preleção que começa e tem um fim, ao final.

Vejam quem dorme: todos os dias e sempre, o sopro divino infla o coração do vivente com um hálito renovado que vem das entranhas do Criador. A noite foi benfazeja e a tímida aurora prenunciam nova faina. Revigorado do dia anterior, eis o corpo novamente para a luta. Músculos e articulações, numa singular harmonia, contribuem para a locomoção eficaz. Pulmões, coração, estômago, fígado, pâncreas e todos os órgãos, como dedicados músicos de uma orquestra, executam uma só melodia: a sinfonia do ser.

A alma, não menos engajada neste processo vital, evidencia a essência do que desperta: homem que, percebe-se e, percebendo-se, se dou conta de que existe. Só o homem é capaz disso, mais nada (aliás, do nada, nada vem).

“Penso, logo existo”, bradou Descartes lá de um longínquo 1596, alertando para os seus que o vivente humano se sobressai, diferentemente dos que não têm idêntica alma. Sabe que existe e porque existe. E presta contas a si mesmo de sua existência. É homem, é mulher. É razão: inteligência e vontade. Mas, pode ser menos homem: menos inteligente e menos livre.

O mais frágil de todos os viventes, mas, ao mesmo tempo, o mais forte. Delicado e rude, vigoroso e manso. Santo e pecador. Alma e corpo. Aquela não morre. Este morre, mas não pra sempre. Vai ressuscitar, um dia. No último dia.

Corpo, alma, matéria, espírito… razão, fé… homem, Deus, Deus, homem.

E, de um sobressalto, o que acorda não deixa de, corporalmente, juntando as mãos e fechando os olhos, elevar a alma aos céus e agradecer pela noite que passou. Pela treva que fugiu. Pelo sol que já raiou. Pelo dia que triunfou. Pela vida…

Eis-me aqui para mais um dia. Será só este ou haverá outros? Não sei. Quantos forem, que meu corpo e minha alma contribuam para evidenciar o maior de todos os milagres por Deus realizado: o milagre da existência humana vivida conforme quer o seu autor.

Sou assim, da forma que Deus quer.

Con paciencia, el cielo se gana


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

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