O Hospital Regional e a velha política
O velho Hospital Regional de Cajazeiras, instalado nos meados do século 20, entra em crise. De novo. Como a memória é curta, passo a relembrar fatos recentes. Aliás, recentíssimos. No início de 2009, portanto, apenas quatro anos atrás, tinha início a gestão tripartite. Para quem esqueceu, gestão tripartite era o modelo compartilhado entre os três entes da federação: Município, Estado e União, esta representada pela UFCG. Essa forma de dirigir o Hospital foi naquela ocasião o melhor caminho para transformá-lo em efetivo núcleo de apoio ao ensino na área de saúde, sobretudo, o novo curso de medicina da federal. Para refrescar a memória, transcrevo a seguir trechos do artigo publicado no Gazeta do Alto Piranhas, em 3 julho de 2009.
“Até agora, 100 dias sob a égide do novo modelo, muitas coisas aconteceram. O HRC, um dos maiores hospitais públicos da Paraíba, tem mais de 60 médicos e capacidade nominal para 150 leitos. Há quatro meses, porém, só havia cerca de 40 leitos disponíveis. Hoje já são 90. O almoxarifado estoca medicamentos para um mês. Adquiridos com decência. Antes, comprava-se às pressas. Nem sempre com decência. Estabeleceu-se escala de trabalho na UTI e fora dela. Escala disponível a quem desejar conhecê-la, aliás, entregue em mãos pelo diretor geral, Antônio Fernandes, aos secretários de saúde dos municípios da região do Alto Piranhas.”
“Muitas coisas estão acontecendo. Boas para uns, ruins para outros. Por exemplo, eliminaram-se abusivas misturas do público com o privado num mesmo arco. Isso fere interesses. Algumas pessoas não se conformam em ver o HRC em mãos limpas e afastadas de manipulação político-eleitoral. Existem os que reagem às medidas saneadoras. Paciência. Esses poucos vão ter que aceitar a nova realidade, salvo se a sociedade cajazeirense der as costas a seu próprio futuro, agarrando-se a um passado que é prejudicial à maioria e à melhora da saúde da população e do ensino no sertão.”
“Nos últimos anos, seu funcionamento vinha sofrendo pesadas críticas, paradoxalmente, quando mais se investiu em modernização. Apesar dos fortes mecanismos oficiais de apoio à saúde pública, a realidade do dia-a-dia levou o HRC a perder credibilidade, de tal modo que pacientes fugiam dele e procuravam melhores alternativas de atendimento, embora mais distantes. Por quê? Em face da má gestão hospitalar, objeto de constantes reclamações na mídia local. E sussurradas à boca pequena. Falava-se, também com insistência, de conduta ética reprovável e de improbidade administrativa.”
“As mazelas do Hospital ficaram ainda mais expostas após a criação do curso de medicina na UFCG, mercê da necessidade de aproximá-lo do campus, integrando cada vez mais prestação de serviços hospitalares, exercício profissional e campo de estágios para os alunos dos atuais cursos de medicina e enfermagem.”
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