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Saulo Péricles

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O futuro dos torturadores

19/12/2024 às 12h40

General Walter Braga Netto (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Por Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira – Meus Caros. Pela primeira vez na nossa História, um general de quatro estrelas (general de exército), foi preso. Nosso país, que sempre foi marcado por uma sucessão de golpes de estado, comandados por nossas forças armadas, que durante toda a nossa história sempre matou mais brasileiros do que estrangeiros, sempre foi muito complacente para com essas, e a anistia tem sido a tônica de tratar os golpistas. E sempre se anistiou os torturadores, que faziam e até hoje fazem coisas que o estado não deveria fazer, pois tratar os cidadãos por piores que sejam na base da tortura não tem sentido, e viola seus direitos constitucionais. Isso, cidadãos que estariam sob custódia do estado é o mau costume de nosso país, pois a História nos ensina que não devemos tratar os que nos oprimiram de forma a que eles não se sintam castigados. Desde a antiguidade, Tróia foi destruída, os gregos, quando haviam sedições, matavam, mesmo os maiores heróis, como o vencedor de Maratona, Milcíades, foi depois de algum tempo, defenestrado, e não foi executado, mas exilado.

Os Romanos faziam seus derrotados desfilarem em seus triunfos e depois na maior parte das vezes, os executava, e os vencidos eram vendidos como escravos. Mesmo quando Constantino parou de entregar os cristãos para serem comidos pelos leões, o sinal que ele viu no céu foi “ïn hoc signus vinces”, mandando ele vencer uma batalha, e depois, os cristãos viraram, “guerreiros de Cristo”, e quando tomaram Jerusalém, mataram todos os seus habitantes, fazendo um banho de sangue pior do que os mulçumanos o fizeram na reconquista, oitenta e tantos anos depois.

Na mesma Idade média, eram comuns as execuções em massa, e as fogueiras crepitavam queimando os infiéis ou mesmo as pessoas que ousassem exprimir opinões diferentes deles, acusando-os de vários delitos, como por exemplo, terem mais posses, como foi o caso dos Judeus na Espanha (Tomás de Torquemada e a Inquisição) e em menor grau, em Portugal.

Mais tarde, vieram as perseguições de Henrique VIII, a Noite de São Bartolomeu, do outro lado. Do oceano, a matança de índios.

Na civilizada Europa, houve a Revolução Francesa, e o invento da guilhotina, que no tempo do chamado “Terror”, só em Paris haviam 12 e trabalhando diuturnamente. coisa semelhante acontecida nos países protestantes, em que se matavam católicos e judeus. Na América temos o caso de Salém, que enforcou 24 pessoas que se recusaram a confessar que eram feiticeiros.

Mas no Brasil, apesar da violência nos tempos da colônia e Império, (Tiradentes, Felipe dos Santos, Frei Caneca, entre outros) sempre se passou ao largo desse tipo de barbárie institucional, apesar das vinditas pessoais acontecerem e muito. O Brasil é um país violento, com mais homicídios do que alguns países em estado de guerra.

E nosso exército matou muito mais brasileiros do que em conflitos externos. Mas nossos militares sempre esperaram e obtiveram anistias. Isso depois de todas as revoluções, Getúlio anistiou os tenentes que somente não o depuseram porque ele se suicidou.  Seu sucessor, Café Filho, anistiou o pessoal da República do Galeão. Que dez anos depois iriam protagonizar o golpe de 64. Juscelino anistiou uma revolta (Aragarças), em que os mesmos revoltosos fizeram outra (Jacereacanga), que foi anistiada novamente, e esses estavam entre os golpistas de 64.

Em 79, houve outra anistia, e o pessoal anistiado, eram justamente os que foram eleitos, perderam, não aceitaram a derrota e tentaram o golpe militar, o tal general Augusto Heleno era o ordenança do General Silvio Frota, que tentou dar um golpe em Ernesto Geisel, a quem acusava de “comunista”, e foi mal sucedido, Bolsonaro quando do Impeachment de Dilma o fez elogiando um dos maiores torturadores do período militar, somente superado pelo tristemente famoso Fleury, que para protege-lo de tantos crimes, se fez uma lei específica para ele não ser preso. Assim, ficam esses filhotes da ditadura, e pela anistia, fizeram o ovo da serpente, que eclodido, já tem vários herdeiros que não querem que nossa democracia, juntamente com o país, cresçam, e noutros países que não se anistiou, como a argentina, ou Chile, essas excrescências são mais difíceis de acontecer.

Mas, como pela primeira vez um general de quatro estrelas golpista foi preso, pode ser que as coisa por aqui possam ser diferentes.

Sem Anistia!!!

João Pessoa, 10 de dezembro de 2024.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Saulo Péricles

Saulo Péricles

Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Contato: [email protected]

Saulo Péricles

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Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

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