O Desembargador Freitas
Por Francisco Frassales Cartaxo – Pelo colégio do padre Inácio de Sousa Rolim passaram muitos jovens que, mais tarde, tiveram realce na vida religiosa, política, literária, no magistério, na magistratura, na medicina. A lista de alunos é grande. Escassos são os documentos conservados, dada nossa falta de apego à memória histórica. Deusdedit Leitão nos salvou, em parte, com sua dedicação de pesquisador. No livro, História da Faculdade de Direito do Recife, Clóvis Bevilaqua foi generoso ao traçar o perfil biográfico de seu sogro, José Manuel de Freitas.
Segundo Bevilaqua, antes de diplomar-se em Recife, em 1858, José de Freitas “iniciou os seus estudos preparatórios em Oeiras, então capital da província, aos treze anos e os foi, em seguida, continuar na cidade de Cajazeiras, na Paraíba, sob a direção do conhecido Humanista Padre Rolim. Em 1854, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife”…
Corrija-se logo o engano do mestre cearense de Direito Civil. Cajazeiras ainda não era cidade. Nem sequer vila, sede do município, o que só ocorreria em 1863, dez anos depois do jovem piauiense ter vinda estudar no colégio, quando Cajazeiras era apenas povoação do município de Sousa.
O desembargador Freitas, nome de importante rua em Teresina, desempenhou relevantes funções como a de promotor público em Caxias-MA, na magistratura do Piauí, onde foi juiz e desembargador. Brilhou também no jornalismo, tendo até mesmo fundado jornal. No campo político-partidário integra a bancada do Partido Liberal na Assembleia Provincial piauiense e, na Corte, como deputado geral. Quando a chefia do Gabinete de Governo estava sob o controle de seu Partido, ocupou ainda muito jovem a presidência da província do Piauí (1861-62). Duas décadas após, a do Maranhão (1882-83) e de Pernambuco (1884), onde aliás já residia, exercendo o cargo de juiz de Direito, vara dos Feitos da Fazenda.
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Faleceu de mal súbito no Recife em 1887, com apenas 55 anos. Deixou estudos prontos ou inacabados, nos quais aborda temas jurídicos. José Manuel de Freitas é Patrono da Academia Piauiense de Letras.
Destaco esse aspecto muito particular: ele veio para o colégio do padre Rolim “concluir os estudos preparatórios”, iniciados em Oeiras. Ora, ali existia um colégio semelhante ao de Cajazeiras, fundado e mantido, também, por um padre, Marcos de Araújo Costa, na sua Fazenda Boa Esperança.
Disso falarei em outro artigo, com a colaboração de José Almeida, autor do livro, A lendária fazenda Acauã.
Sócio da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
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