O casarão do comandante Vital
Por Francisco Frassales Cartaxo – No dia 24 deste mês, completará 108 anos da morte de Vital de Sousa Rolim (1829-1915), tenente-coronel da Guarda Nacional. Ele é neto do primeiro Vital e sobrinho do padre Rolim pelo lado da mãe, Antônia Tereza de Jesus, casada com Joaquim Costa. Não confundir, portanto, com seu avô homônimo, o responsável pela formação da primitiva fazenda de gados e algodão, e construtor de pequeno açude que, cem anos depois foi reformado e ampliado: o atual Açude Grande.
Vital de Sousa Rolim (3º) é nome de rua. Rua Comandante Vital. Comandante por ter sido o primeiro a dirigir o 31º Batalhão de Infantaria, da Guarda Nacional, sediado em Cajazeiras, a partir de 1881. Comandante da rua e, também, da política de Cajazeiras. Ora, quando Cajazeiras era apenas simples povoação, Vital Rolim foi nosso primeiro vereador com assento na Câmara Municipal de Sousa, tornando-se o pioneiro líder do Partido Liberal, cuja chefia no Vale do Rio do Peixe era então exercida pelo vigário de Sousa e deputado provincial José Antônio Marques da Silva Guimarães.
Comandante Vital foi, assim, o primeiro grande chefe político de Cajazeiras, desde nossa origem até perto de falecer, com 86 anos. Pouco a pouco foi entregando o bastão ao seu filho, o coronel Sabino Gonçalves Rolim. Mesmo quando opositor à facção oligárquica dominante no estado, Vital Rolim era ouvido, como prova a escolha de seu genro e amigo, advogado Bonifácio Moura, para representar Cajazeiras na Assembleia Estadual (1900-1911), em pleno domínio político de Álvaro Machado.
O casarão, onde o corpo do padre Rolim foi velado, encontra-se de pé, vistoso, imponente. Sua edificação se deu na época da escravidão. Herdado pelo coronel Sabino, depois pela a neta, dona Odília (casada com Otílio – filho do coronel Guimarães), pelo bisneto, Sabino Rolim Guimarães. Este, entregou a seu colega Maurílio de Almeida carta de alforria de um escravo que trabalhou na construção do imóvel. A carta deve estar no acervo doado à UFPB. O imóvel pertence hoje ao médico Sabino Filho, trineto do Comandante.
Tombado pelo Patrimônio Histórico, o casarão da Rua Padre Rolim, a poucos metros da antiga igreja matriz é cuidado com carinho. Só Deus sabe a luta de Sabino Filho a enfrentar os rigores das normas legais de preservação. Investe seus próprios recursos para mantê-lo como relíquia histórica de Cajazeiras. E age assim sem alarde, consciente da importância de sua determinação em conservar um pedaço da memória de Cajazeiras.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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