Nem tudo está perdido
Ao mesmo tempo, fiquei atônito e alegre. Graças a Deus, os formadores de opinião da Paraíba estão tendo a coragem de dar a “cara à tapa”. Inicialmente, não em ordem cronológica, Heron Cid escreve o artigo “Carnaval: com o nosso dinheiro, não!” Não sei qual a repercussão que o texto teve, mas suponho que não foi das melhores. Sempre há quem não concorde com reflexões do tipo.
Depois, a jornalista Rachel Sheherazade, da TV Tambaú, nos deleitou com um felicíssimo editorial, abordando as catástrofes advindas do carnaval, entre as quais, os acidentes fatais, a proliferação das DST’s, os abortos e a “farra” com o dinheiro público.
Aos dois, o meu vibrante aplauso e meus sinceros parabéns. Depois de tanto tempo, vozes que não apenas religiosas, mas também jornalísticas, criam coragem e se levantam contra a barbárie anual. Parece até que se dá uma “pausa” na lei e na moral e quase todos ficam anestesiados. Quase ninguém protesta!
O Estatuto da Criança e do Adolescente, por exemplo, é colocado na latrina, pois crianças são expostas a todo tipo de ameaça à sua segurança e integridade, inclusive moral e psíquica. Em plena luz do dia e em horário nobre, corpo nus (não seminus), principalmente de mulheres, são analisados com requintes de pornografia. Seios e nádegas tomam toda a tela da TV, sob o pretexto de que é “cultura”. Só no Brasil mesmo!
De quarta a quarta (e, em alguns lugares, até a próxima segunda feira), tudo é festa: na verdade, barulho, massa, urina e fezes “foleãs” nas portas alheias. Os cidadãos, que têm todo o direito ao sossego, são vilipendiados em seus direitos. Admira-se que o criminoso é o próprio Estado. Este, ainda, com dinheiro do povo, patrocina a doação de preservativos para que o suicídio (quem entraria num avião, sabendo que a possibilidade de queda é 60%?) seja maquiado e a mentira do “sexo seguro” seja propagada. E, daqui a uns dois ou três meses, leremos nos jornais notícias de fetos/embriões sendo encontrados nas latas de lixo ou o aumento do número de infectados pelo HIV. Notícias de corpos dilacerados e presos nas ferragens já são atuais (leiam-se os jornais).
Mas, nem tudo está perdido. A Dra. Maria do Socorro Montezuma Bulcão, titular da 1ª Vara da Comarca de Aracati/CE, julgou procedente a ação civil pública promovida pelo Ministério Público, que pleiteou a abstenção da Prefeitura Municipal de Aracati promover qualquer festa pública – INCLUSIVE O CARNAVAL – com dinheiro público. A motivação é que falta de comprimido a médico no hospital municipal e nos postos de saúde, situação não muito diferente da nossa cidade. Na sentença prolatada, a juíza disse que a realização da festa momesca, diante de um sistema de saúde deficitário, é “uma afronta à dignidade da pessoa humana”. A doutora não poderia ter sido mais exata.
Decisões como esta e comentários como os de Heron e de Raquel são mais que bem vindos. Que a reflexão não pare por aqui.
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