Não “seje” ridículo
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Ante um último episódio, estou pensando seriamente em oferecer um curso de “como se sentir ridículo”, uma solução viável para evitar infortúnios de diferentes ordens, especialmente as amorosas, já que foi a partir de uma delas que tive essa brilhante ideia.
Semanas atrás, encontrei alguém, a quem conhecia há certo tempo mas que nunca havíamos nos cruzado pessoalmente. Saímos, conversamos, eu usei tridente, a pessoa galanteios baratos e “aconteceu”. Nos dias seguintes, um gritante silêncio, eu entro numa paranoia de estar ou não estar apaixonado, ligar ou não ligar, pensar ou não pensar, esperar ou não esperar, ser ou não ser e chega: eu redijo um “Oi” com carinhas bizarras no whatssapp. A criatura responde calorosamente, pergunto “o que existe entre nós”, “o porquê daquele sumiço” e ela, com um discurso pronto, releva que “um namoro pode ser bom” e que não ligou antes por não saber meus horários disponíveis e correr o risco de atrapalhar-me. Trinta minutos depois, nenhuma outra palavra.
Sento na cama, descasco uma tangeria (dieta é o fim) e penso no quanto fui grotesco, e isto, em vez de me deprimir, abre meus olhos para o que estava em jogo: o sepultamento do meu amor próprio. “Como me sentir ridículo” salvou-me deste ciclo torpe “de venha a nós e a vosso reino: nada”. “Como me sentir ridículo” demonstrou a diferença crucial entre carência e desejo de construir. “Como me sentir ridículo” impulsionou-me a fincar o pé o no chão, encarar o espelho e assumir que ainda não é esta a ocasião de tentar. “Como me sentir ridículo” reavivou os meus itinerários, de perdas e ganhos, e dos quanto estes são preciosos para serem aviltados num lapso de segundos. Enfim, “como me sentir ridículo” me fez lembrar quem eu realmente sou, não uma reles peça de encaixe de um jogo de sedução.
Por isto, antes de tomar uma atitude nestes terrenos ruidosos do querer, pare e pense um tanto: se você se sentir apenas “ridículo”, melhor não insistir.
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