Na contramão
A montanha de lixo cresce a uma velocidade estonteante. Sacolas plásticas se esgarçam ao vento como fantasmas de um tempo de incoerência e irresponsabilidade. A situação é tão absurda e já atinge as fronteiras da normalidade que os dejetos são despejados a plena luz do dia ante a assistência de transeuntes que, impassíveis, também considera essa uma atitude natural. E o lixão começa a se formar em uma das entradas da cidade, nas imediações de uma unidade hospitalar.
Este o cenário que recepciona os visitantes que chegam a cidade de Cajazeiras pela estrada estadual que liga esta a cidade de São João do Rio do Peixe. Em um curto espaço de tempo as margens da rodovia vêm se transformando num imenso depósito de lixo e entulhos, que se avolumam e se multiplicam no mesmo e intenso ritmo com que o poder público negligencia sua responsabilidade em fiscalizar para onde se destina e como a cidade convive com seus dejetos. Não apenas restos de construções, mas sacolas de lixo são diariamente depositados e se transformam num ambiente propício para a proliferação de ratos, baratas e outros insetos que, alimentados no lixo, invadem residências próximas e se convertem em uma ameaça real para o Hospital Infantil, localizado na margem oposta da estrada.
A formação do lixão talvez seja a opção mais viável para a cidade se livrar de seus entulhos. Inicialmente, porque qualquer um pode chegar no local e fazer seu depósito tranquilamente. Isenta o poder público da atribuição e da responsabilidade. Outro elemento facilitador dessa situação é a omissão em se destinar áreas específicas, dentro de padrões e condições adequadas e recomendadas, para o deposito do lixo e dos entulhos e resíduos de demolições. Fechar os olhos e negligenciar sobre o assunto parece ser a posição mais adequada, embora a não mais recomendável.
Essa situação destoa, inclusive, das recentes legislações que foram aprovadas e começaram a vigir no país e que disciplinam o destino dos resíduos sólidos nas cidades brasileiras. Novas ordens jurídicas que não apenas disciplinam e organizam como o lixo deve ser tratado, mais estabelecem regras e condutas para a coleta, seleção e destinação do lixo, definem prazos e preceituam normas para o fim dos lixões a céu aberto e a implantação de aterros sanitários.
Pelas novas regras o lixo deve ser coletado de forma seletiva, separando o que pode ser reciclado, o que pode ser convertido em adubo orgânico, o que pode se transformar em energia.
Novos métodos que se apresentam também como importantes opções de geração de emprego e renda para muitos trabalhadores que, envolvidos nas usinas de reciclagem, ganham dignidade e contribuem para um planeta mais limpo e mais saudável.
Cajazeiras, contudo, parece teimar em caminhar na contramão da história.
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