Museu, um ente querido
O Museu representa o que há de mais importante na nossa história. São os registros do nosso passado e revela um pouco da nossa identidade sobre a terra. Dá para avaliar o que fizemos no tempo em que vivemos, como tratamos a nossa cultura, a nossa educação e o nosso patrimônio material e imaterial.
É através dos museus pelo mundo que podemos observar a nossa passagem em tempos passados e o nosso grau de evolução ou de involução. Certamente, somos sociedades plurais, e guardamos características de povos distintos. Mas o que foi importante para um homem da China pode ser também importante para um homem no Brasil. E vice versa. O que irá nos definir o que somos é a nossa capacidade de guardar esse passado e como o mantemos no presente.
Pois bem. No Brasil, investimento em cultura e educação é sobrepeso para o modelo de Estado que adotamos. Uma estrutura econômica que propõe gastos com base em projetos que são aprovados pela Câmara e Senado com base nas conveniências dos partidos e do jogo político para manutenção de poder, como vem sendo feito até agora. Deputados e senadores barganham do governo verbas para votarem a favor de medidas provisórias ou projetos de lei que poderiam ser de interesse do povo, sem uma discussão com o principal interessado, o povo. Daí, ocorrerem traições constantes ao povo pelos parlamentares que se elegem com uma bandeira e lá no congresso defendem apenas seus interesses.
Vergonhoso para o Brasil e para o povo brasileiro esse incêndio no Museu Nacional. Vergonhoso sob todos os aspectos. Perdemos nossa memória, parte da nossa identidade e estamos nos tornando animalescos, vivendo pelo imediatismo e pelo instinto de comer e dormir. Sofri com as cenas do Museu em chamas como se tivesse perdido um ente querido. Li muita gente com o mesmo sentimento. Mas, lamentavelmente, li pessoas debochando e fazendo pouco caso da nossa cultura. Talvez sejam essas mesmas pessoas que gostam de linchar gente, gostariam de possuir uma arma e desrespeitam o direito humano de existência com base em escolhas diferentes. Não vejo nenhuma solução para a nossa desumanidade verde-amarelo senão for pela educação. Educação em massa, contínua e intemporal. Que seja obrigatória e uma política de Estado, não firulas de governos. Estamos cada vez mais sós neste mundo de barbárie. Mesmo assim, todo dia, eu levanto com a gratidão de ter o coração renovado na esperança do amor e da solidariedade.
Eu sou um brasileiro que ama o Brasil e o nosso povo. Não serei vencido pela indiferença dos estúpidos. Defenderei sempre o direito à arte, à educação e à cultura como formas de permanência da inteligência e do amor ao humano.
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