Meu pai
No último dia 12 de novembro completou 15 anos da passagem de meu pai para a eternidade. Passado este tempo, que parece ser longo, não consigo me distanciar de suas lembranças, do quanto me faz falta e da imensidão de saudades dos bons momentos de nossas vidas. Tem sido um companheiro permanente de minhas recordações, andanças e ações.
Sobre a vida de meu pai têm muitas belas histórias, exemplos dignos de serem contados, efemérides e epopéias dignas de um homem valente e forte, diante de tantas dificuldades que passou pela vida, principalmente enquanto criança e adolescente.
Nasceu no Sítio Coxos de Cima, no município de Cajazeiras, no dia 8 de maio de 1920. Órfão de pai, aos doze anos de idade começou a trabalhar como “cassaco” nas obras da construção da estrada entre os municípios de Aparecida e Pombal e ainda como catador de raiz na construção do Açude de Boqueirão de Piranhas, encravado no Distrito de Engenheiro Ávidos.
Foi sempre um homem ligado a terra. Ainda criança trabalhou “alugado” para diversos proprietários rurais, para por comida na mesa de minha avó Isabel e de minha tia Beatriz. Foi também rendeiro da Bacia do Açude de Boqueirão.
Em 1945, casou-se e a partir desta data, por “imposição” de sua esposa Mãezinha, passou a residir na sede do Distrito de Engenheiro Ávidos e estabeleceu-se como comerciante, abrindo uma pequena bodega onde vendia de tudo, mas nunca deixou de arar a terra.
Em 1954, já fruto de seu trabalho comprou uma pequena propriedade, situada no Sítio Coxos, ainda hoje pertencente à família, que a tem como um relicário.
Em 1954, transferiu-se para a cidade de Cajazeiras, quando fundou o Armazém Rio Piranhas, onde trabalhou até o último dia de sua vida. Foi deste estabelecimento comercial que retirou o necessário para educar e formar seus nove filhos.
Tinha uma paixão enorme por uma pequena criação de gado e se orgulhava de possuir um bom plantel de vaca de leite, no Sítio Capoeiras, na periferia da cidade de Cajazeiras.
Foi exemplo de trabalho e honestidade e procurou ao longo de sua vida honrar os seus compromissos e tinha uma facilidade imensa de fazer amigos, principalmente entre as pessoas mais humildes. Tinha centenas de afilhados de batismo e crisma.
Gostava muito de política, mas sem se envolver com os atrativos e os perfumes do poder. Tinha grandes amigos nas “rodas do poder”, nas esferas da política municipal, estadual e federal, mas nunca foi tentado a pedir um único emprego para um filho ou um parente.
Faleceu no dia 12 de novembro de 2002, deixando um enorme legado para seus filhos, principalmente naquilo que mais valorizava que era a educação e dar a todos os filhos heranças de conhecimentos, obtidos nos bancos das escolas e das faculdades, além de um número incontável de amigos, todos forjados na verdade e acima de tudo sem a pretensão de obter “lucros” em proveito próprio. Era um homem desprovido de inveja e ganância.
Era uma presença forte e alegre na vida de todos os seus filhos e de sua grande companheira e guerreira mulher Mãezinha Albuquerque com quem viveu 57 anos de casados. Na sua mesa, que sempre foi farta, existia muito amor e concórdia e não faltava um tamborete e comida para mais um conviva.
Passados 15 anos, ele permanece nas minhas lembranças e tem sido nos momentos de alegrias, de conquistas, de aperreios, de dores e de tristeza, orando, contrito e ajoelhado diante de sua derradeira morada, à sombra da Capela do Coração de Maria, a quem tenho recorrido e repartido o que transita pelo meu coração. É pedir e alcançar.
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