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Francisco Cartaxo

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Lições do frustrado golpe de Bolsonaro

23/03/2024 às 15h47

Bolsonaro (Foto Alan Santos/PR)

Por Francisco Frassales Cartaxo – O Brasil vive tempos difíceis no campo institucional. O fato recente mais grave foi, sem dúvida, o assalto físico aos simbólicos três Poderes da República, essenciais ao pleno Estado Democrático de Direito. O vandalismo do 8 de janeiro dramatizou, escancarando, o que se urdia nas entranhas do poder. Agora, depoimentos do alto escalão militar começam a iluminar as sombras. Pouco a pouco, vamos conhecendo as articulações destinadas a interromper o ciclo democrático, implantado com a saída dos militares do centro das decisões nacionais, cimentada pela Constituição de 1988.

Era a sinuosa marcha do golpe.

O golpe de Estado não é novidade histórica na América Latina. O Chile e o Uruguai foram exceções, mas só até a segunda metade do século XX, quando perderam a exaltada estabilidade política. Lá atrás, o Brasil Império se segurou com suas atas eleitorais falsas, prática herdada pela Primeira República. Nessa época, a eleição a bico-de-pena gerava contestações e até mesmo violência armada na disputa pelo poder, sobretudo no plano local. A causa imediata de tais conflitos era, quase sempre, o questionamento dos resultados eleitorais.

Em nossos dias, a trama engendrada pelo governo do capitão Jair Bolsonaro lembra o passado pré-1930, com uma diferença brutal: antes, as urnas eram mentirosas, agora, só houve maquinação!

Quiseram envolver as Forças Armadas.

Em nossa história recente, depois dos golpes de 1937, o momento mais tenso de arreganho golpista ocorreu com o suicídio de Vargas e a subsequente tentativa de evitar a posse de Juscelino Kubitschek, em 1955, sustado graças ao legalismo de generais como Teixeira Lott. Então já era clara, no meu entender, a inflexão no pensamento dominante nas Forças Armadas do Brasil. Até ali ainda existia forte influência da formação militar europeia, traumatizada com horrores causados pelo nazismo na Segunda Guerra Mundial.

O giro rumo ao alinhamento automático aos Estados Unidos, aliada à falsa pregação democrática e moralista do udenismo lacerdista, inoculou o germe da intervenção salvadora dos militares, raiz geopolítica do golpe se 1964. Agora, sessenta anos depois, evitou-se novo golpe, cuja trama, ainda obscura, começa a emergir das falas dos chefes militares à Polícia Federal. Espero que isso acorde gente sincera.

Falta porém o essencial: definir bem o papel das Forças Armadas, a partir da revisão da história do Brasil ensinada nos cursos de formação militar, baseada na influência geopolítica da Guerra Fria.

Autor do livro: Do bico de pena à urna eletrônica


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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