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Edivan Rodrigues

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José Serra pisou na bola

07/06/2010 às 00h06

Por Francisco Cartaxo

Foi no Recife, dia 28 de maio, na festa que a oposição de Pernambuco preparou para José Serra. Após seu discurso, os participantes já se dispersavam. Serra pede o microfone de volta, dando a entender que esquecera algo importante, e faz a promessa: se eleito, vincularia a Sudene diretamente à presidência da República e ele mesmo a dirigiria nos seis primeiros meses de governo!

Infeliz idéia. Por quê? Porque, de imediato, trouxe à baila a lembrança de quem extinguiu a Sudene: o correligionário Fernando Henrique, sob alegação de ser um órgão corrupto, sem nunca ter investigado e punido os malfeitores. Ora, a Sudene cumprira seu papel no passado, num contexto hoje superado pela realidade administrativa, política e social brasileira. Querer trazê-la de volta não é mais pleito do Nordeste. Já foi. Pelo menos até pouco tempo. Ao tomar posse em 2003, Lula tentou cumprir a promessa de criar a “nova Sudene”. Formou então Grupo de Trabalho Interministerial, coordenado pela economista Tânia Bacelar que, concluiu os estudos, sugerindo substituir a velha Sudene por instituição enxuta, flexível, contemporânea, firmada em dois pilares básicos: a) planejamento regional orientado por equipe técnica de alto nível; e, b) fonte própria de recursos estáveis e permanentes, destinados a financiar obras estruturadoras, atividades produtivas, inovações tecnológicas suficientes para dar ao Nordeste suporte competitivo ao longo de muitos anos. Por isso, o GTI recomendou dois instrumentos legais: o projeto de lei de recriação da Sudene e proposta de emenda constitucional com destinação específica de recursos oriundos do IPI e IR. O projeto de lei foi assinado, simbolicamente, em reunião festiva no Banco do Nordeste, em Fortaleza, julho de 2003. Já a PEC, que fora negociada para garantir os recursos estáveis à semelhança do FPM e FPE, morreu antes de nascer.

Encaminhado para apreciação em regime de urgência (45 dias), o projeto de lei virou tartaruga. Os governadores em conluio com os, à época, poderosos ministros Antônio Palocci e José Dirceu acordaram que os 2% da arrecadação do IR e IPI a serem destinados ao Nordeste deveriam ser rateados entre os estados da Região, nunca entregues à Sudene. Assim se fez. Passaram-se meses, três anos, até que Lula ressuscitou a Sudene. Aliás, transformou-a num fantasma, sem recursos novos, sem plano, sem força, sem quadros técnicos, com meia dúzia de cargos para atender à insaciável rede clientelista sempre grudada no poder. Esperta e ágil para segurar os postos de mando. Para quê? Para executar projeto de desenvolvimento? Que nada! O objetivo se exaure na ocupação dos espaços do poder, pouco importando a mudança da realidade social e econômica da região.

O pré-candidato José Serra, emocionado, evocou Celso Furtado, em sua fala do dia 28 de maio no Recife, para respaldar sua extemporânea promessa de recriar a Sudene. Não sensibilizou. Ao contrário, enorme desagrado percorreu o palanque, transbordou-se para a mídia e a bola chutada com pé torto foi esbarrar na estátua do padre Cícero. Onde Zé Serra estivera à cata de votos. Mas com promessas assim, requentadas, dissociadas da realidade nem Padim Ciço dá jeito.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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