Impressão e Expressão no Homem
Por Gildemar Pontes
Há uma diferença cabal entre as palavras impressão e expressão. A primeira é inerente ao que nos é dado a conhecer de fora, de acordo com a nossa visão de mundo. Expressão, por seu turno, significa o ato de dizer, projetar, dar a saber através do conhecimento. No homem, impressão e expressão são faces de uma mesma moeda. De um lado, o que o homem lê, escuta, observa vai formando um conjunto de impressões. De outro, a racionalização das impressões passam a se constituir em argumentos para a sua expressão.
Quando o homem se expressa traz em seu discurso uma visão de mundo calcada em idéias e conceitos que ele próprio vai formando pelo saber adquirido. Portanto, a expressão é uma forma de exposição de sua individualidade, de sua personalidade e de sua ideologia.
Apesar das teorias científicas, em permanente evolução, das teorias sociais que tentam explicar e justificar os problemas da sociedade e das necessidades de preenchimento das suas necessidades básicas, o homem ainda não superou o seu complexo determinista, explicado por Hippolyte Taine, no século XIX. Século e anos depois, continuamos em algumas regiões do planeta a relacionar o nosso modo de vida às condições ambientais e sociais que nos abrigam. Mesmo sendo o homem o que modifica a natureza podendo livra-se das enchentes ou das secas, continuamos convivendo com esses fenômenos sem a devida capacidade de solução. Mas essa questão deixa de exigir uma resposta científica, filosófica, para ser respondida por uma questão política. A maioria dos nossos representantes políticos continua tratando o povo como massa de manobra para os seus fins pessoais. Os projetos de interesses gerais são camuflados e trabalhados em doses homeopáticas para alimentarem a ilusão de que eles estão trabalhando para as soluções. Enquanto o povo, em sua maioria, desconhece o seu passado, ignora o seu presente e tem apenas esperança de dias melhores, crendo piamente que as respostas estão no poder, suas impressões revelam apenas o conteúdo de suas necessidades e não sabem expressar melhor seu desejo por não saber exercitar sua cidadania plena.
O grande debate mundial hoje entre os ambientalistas é conseguir vencer a fome, a miséria, sem destruir o planeta. O grande debate político no Brasil é saber como o PT vai explicar às suas bases, às suas origens essa fervorosa defesa do PMDB e de Sarney e seus demônios, armados pela corrupção ativa e passiva há anos enlameando os desejos e sonhos dos cidadãos brasileiros. Todos nós temos impressões a respeito, mas não temos espaço para expressar a nossa indignação. Caso algum dos intelectuais orgânicos que ainda teime em exprimir suas idéias tente, logo é rechaçado pela tropa de choque de plantão que cairá em defesa dos malditos políticos e suas artimanhas de permanência no poder.
Alguns políticos pagam mesada generosa para filtrarem as notícias que lhes são desfavoráveis. Daí porque o povo adora o jornalismo investigativo voltado para os interesses gerais, que desmascaram os que se locupletam com os impostos do povo.
Em Cajazeiras, o grande debate gira em torno do desmembramento da UFCG, criando uma nova Universidade. Por enquanto temos ouvido e lido muitas impressões, algumas estúpidas, porque expressam uma visão de mundo estúpida ou interesseira. Algumas ponderadas e em busca de conhecimento para clarear melhor as impressões e poder embasar melhor o juízo crítico necessário a um debate tão importante e tão necessário às inteligências dos que pensam as veredas de um grande sertão. Mas isso é conversa pra outro artigo, quando as minhas impressões puderem alimentar melhor a minha expressão.
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