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Damião Fernandes

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Imprensa de Cajazeiras: a utopia da imparcialidade

11/09/2015 às 11h50

Por Damião Fernandes

Em tempos de globalização da informação, pode parecer até contraditório e paradoxal, afirmamos que milhões de pessoas ainda possam viver no campo da desinformação. Desinformação, não significa aqui a simples questão de alguém não saber de nada, não ter nenhum acesso àquelas informações básicas. Desinformação significa aqui o processo pelo qual o sujeito tendo acesso à pedaços minguados da informação total, continua alienado como relação ao todo da realidade. Desinformado é todo aquele que tem acesso apenas à fragmentos ideológicos das informações publicadas. Portanto, a sua compreensão do mundo, das coisas e das realidades será sempre também limitada e incompleta.

A Desinformação é um estágio inicial de um processo de emburrecimento coletivo da sociedade. Como afirmamos anteriormente, que desinformado não é somente aquele que nada sabe sobre qualquer coisa, mas também é aquele que “não-sabe” o todo do que deveria conhecer. Engana-se que sabe, aquele que não sabe o que julga saber. Pessoas desinformadas acerca da realidade das coisas, do mundo e dos processos político-sociais e culturais da vida que lhe circundam, vai tornando a sua vida num lugar sem sentido e de poucos significados. Pessoas desinformadas, correm o sério risco de tornarem-se um ‘animal de rebanho’ como afirma Nietzsche ou um ‘homem das massas’, como afirma Arendt.  Tanto o animal de rebanho quanto o homem das massas apresentam em comum a incapacidade de construirem suas própias interpretações e conhecimentos. Em uma palavra, o seu própio saber. A desinformação é um grave obstáculo para a construçao de uma vida de significados. De acordo com o pensador Norbert Wiener: “viver ativamente significa viver com a informação apropriada”.

Informação apropriada é justamente o tipo de informação que não ouvimos e não temos em grande maioria dos Sistemas de Radiodifusão da cidade de Cajazeiras. Grande parte destes sistemas, apresentam pomposamente uma grade de programação que é formada por programas ditos jornalísticos que teoricamente se dizem “imparciais e independentes”, onde alí se terá a “verdade de todos os lados da notícia” ou onde se fará um “jornalismo sério, imparcial e independente”, mas que na prática das falas de muitos desses profissionais, percebe-se  profissionais que se colocam com vergonhosa parcialidade, cabrestados por um tipo de PAC – o Programa de Assessoria Coletiva, quando 90% desses profissinais exercem um tipo de assessoria, onde lideranças políticas locais, regionais ou estaduais são seus verdadeiros avalistas financeiros.

Sem pestanejar, é possível afirmar que todo sistema de Radiodifusão e por consequência os seus profissionais radialistas que pautem o seu exercício profissional em práticas vergonhosamente parciais, que chegam a beirar um tipo de imoralismo vil, onde os critérios estabelecidos para a publicização das informações sejam apenas as “boas relações” ou os conchavos com determinados grupos políticos e econômicos locais, regionais ou estaduais. Tais profissionais que fazem o uso de tais práticas, somente colaboram para o aumento do emburrecimento das pessoas e da sociedade, quando deveriam promover, uma honesta democratização da informação imparcial dos fatos. Por outro lado, o que fazem? Usam seus microfones como um instrumento de imbecilização das massas.

Em Cajazeiras, quando você liga o rádio em alguns programas dito “jornalístico imparcial”, você corre sério risco de estar ouvindo ou um assessor ou assessora de algum político com mandato eletivo ou quem sabe um secretário comissionado de algum Governo local, regional ou estadual. A imparcialidade profissional na prática radialística de grande parte da imprensa de Cajazeiras é algo do tipo que está apenas nos Jingles de abertura dos seus programas, funcionando como estratégia de marketing apenas para enganar as mentes frágeis ou quem sabe para que não fique tão comprometedor para seus diretores ou proprietários.

Por fim, é papel de toda e qualquer Sistema de Radiodifusão e todo profissional que atua no mesmo ramo, ser um tipo de “cão-de-guarda” do que é público e um legítimo defensor das cidadanias alheias como forma de lhes garantir a oferta e/ou a reposição dos direitos humanos de cada cidadão.

Bom seria, se a imparcialidade passasse a ser o princípio que regesse as práticas dos profissionais de rádio aqui na cidade de Cajazeiras. Mas utopia por utopia, também tenho as minhas.     

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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