Imprensa antiga em Cajazeiras (2)
No começo deste mês escrevi acerca de jornais cajazeirenses da primeira metade do século 20. Volto ao tema, como prometi, para falar d’O Observador, que deve ter circulado pela primeira vez em maio de 1955, pois o número 3, que tenho agora em mãos, é de julho daquele ano. Se atualmente ainda existe muita dificuldade para imprimir e sustentar um jornal no interior, imagine naquele tempo! O próprio fundador e diretor, professor José Pereira de Souza, explica em nota editorial, em abril de 1956, véspera do primeiro aniversário do seu jornal:
“Ora saindo em edição regular (mensal), ora em edição precária (bimensal), o fato é que O Observador teve cabal circulação em toda esta primeira etapa. Pouco importa a luta ingente sustentada contra os mais variados tropeços de que são susceptíveis as lides de imprensa interiorana, face à iminência de constantes revezes qual o problema de inevitáveis situações deficitárias.”
Em linguagem elegante, José Pereira expõe as agruras de manter o jornal. Lamenta, em seguida, não reunir condições para oferecer alentado exemplar comemorativo do primeiro ano de existência d’O Observador. Registra agradecimentos especiais, realçando a colaboração de duas pessoas: “Horácio Alves Cavalcanti, editor-tipógrafo a quem deve Cajazeiras a circulação, em dia, de dois periódicos locais, sem citar Lábaro, recém fundado órgão oficial da Escola Técnica de Comércio”; e Deusdedit Leitão, que manteve a coluna “Famílias Cajazeirenses.” O outro periódico referido é o Correio do Sertão, da diocese.
Aos trancos e barrancos, O Observador circulou até o final de 1956. Foram talvez 12 números, dos quais consegui resgatar oito, um precioso testemunho do idealismo de um visionário, hoje quase esquecido, mas que deixa sua marca na história da imprensa paraibana. Literário e noticioso, o jornal exibia poucos textos assinados, amplo noticiário da Paraíba e, em particular, da região de Cajazeiras nos campos políticos, administrativo e cultural. O Observador é fonte de informação histórica até pelos anúncios de casas comerciais, a exemplo dos Armazéns São Paulo, de Francisco Rolim & Irmãos e de J. Epaminondas Braga.
Afinal, quem foi José Pereira de Souza? Segundo testemunho de Pereira Filho, seu pai nasceu em Monte Horebe, onde cuidou da roça e aprendeu a ler com enorme esforço autodidata. Casou com Maria Pereira de Souza (dona Bia) e, vindo para Cajazeiras, começou a ensinar as primeiras letras numa escolhinha que ele abriu. Mais tarde, foi também professor do Tiro de Guerra. Participou de campanha política, ao lado de Otacílio Jurema, que o indicou para o cargo de agente fiscal em Cajazeiras. Em 1958, foi transferido para a Secretaria de Finanças, em João Pessoa. Mais tarde, aposentado, foi para Brasília, onde já moravam seus filhos ao lado da mãe, exceto Erisvaldo que preferiu ficar em Cajazeiras. José Pereira morreu em Brasília em 1990, deixando dez filhos: sete homens (Erisvaldo, Sales, José Filho, Antônio, Evaldo, Eduardo e Ivaldo) e três mulheres (Dossinete, Nevinha e Márcia). Eduardo Pereira é presidente da AC 2-Brasília. Com este registro, retifico erro de fato que cometi em texto publicado no Gazeta do Alto Piranhas, nº 385, de 28/04 a 04/05/2006.
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