Impactos da mudança nos juros do cartão de crédito

Coluna de Elan Nascimento - Foto: reprodução/internet

Por Elan Nascimento Apolinário

Assessor de Investimentos credenciado à XP Investimentos

Nessa quarta-feira (03 de janeiro) entrou em vigor um decreto de lei que limita em 100% os juros do crédito rotativo do cartão de crédito. Uma notícia muito boa, pois diminui a aplicação de juros abusivos em dívidas oriundas do crédito rotativo do cartão.

O crédito rotativo do cartão trata-se de uma modalidade de crédito/empréstimo que é acionado automaticamente quando um cliente não paga o valor total da fatura do cartão de crédito. Essa categoria de crédito é a mais cara do Brasil com juros médios de 434,5% ao ano.

Esclarecendo, quando um cliente faz o pagamento parcial da fatura do cartão, o valor restante que não foi pago se torna automaticamente num empréstimo pessoal de curto prazo que terá a incidência dos juros da modalidade do crédito rotativo até a próxima fatura ou até o pagamento integral do valor.

Conforme dito, a taxa de juros aplicada nessa modalidade é altíssima, e por conta disso, a taxa de inadimplência desse tipo de dívida gira em torno de 53%, ou seja, pouco mais da metade das pessoas que contraem esse tipo de dívida fica sem condições de dá continuidade ao pagamento e cai na inadimplência.

Pensando nisso, o governo e Congresso Nacional editaram essa medida de limitação de juros que é muito parecida com o modelo utilizado no Reino Unido, que estabelece juros até o teto de 100% do total da dívida.

Com a mudança, o valor total da dívida do crédito rotativo, já considerando os juros e encargos, não poderá ultrapassar o dobro do valor original da dívida. Em outros termos, a regra limita os juros a 100%.

Exemplificando: se a dívida original for de R$ 1.000,00; o valor total a ser pago dessa dívida já com a cobrança de juros e encargos não poderá exceder R$ 2.000,00 (o dobro da dívida original).

Vale lembrar que essa nova regra se aplica somente para débitos contraídos a partir de 03 de janeiro.

A avaliação dos especialistas a respeito dessa limitação é muito positiva, mesmo assim, os juros dessa modalidade de crédito permanecerão em patamares elevadíssimos, sendo de extrema importância evitar esse tipo de dívida. Para tanto, quero deixar aqui algumas dicas e reflexões para que você não caia nesse tipo de dívida.

Primeiro, quero destacar que o uso do cartão de crédito não é o vilão nessa história, mas sim como se usa. O cartão pode ser um grande aliado das finanças se utilizado com prudência e estratégia. Dito isso, seguem as dicas:

1. Faça adesões a cartões de crédito sem anuidade. Hoje em dia, com tantas opções de cartão sem anuidade podemos facilmente eliminar esse acréscimo de valor na fatura do cartão.

2. Estabeleça um uso consciente do cartão. Monitore a quantidade de parcelamentos que existem e na hora de fazer compras de itens não essenciais se pergunte na real necessidade de comprar ou efetuar aquele gasto.

3. Evite pagar somente a parcela mínima. Como já dito anteriormente é justamente isso que nos levará ao crédito rotativo do cartão, que será cobrado aplicando essa altíssima taxa de juros.

4. Explore os benefícios do cartão. Procure saber se seu cartão oferece benefícios no tocante a realização do pagamento. Há emissores que oferecem formas de parcelamento de fatura a juros mais baixos que os do rotativo.

5. Caso não tenha o dinheiro para pagar o valor integral da fatura opte por outras opções de crédito. Faltou dinheiro para pagar o valor total da fatura? Não mergulhe de cara no rotativo, procure um outro tipo de empréstimo com taxas de juros menores do que as do rotativo e pague o valor total da fatura.

Todo início de ano é um momento perfeito para repensar nossos hábitos financeiros e construir uma base sólida para uma saúde financeira duradoura. Que este ano seja marcado por escolhas conscientes e saudáveis em relação ao nosso dinheiro.

Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

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Elan Nascimento

Elan Nascimento é bacharel em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande. Cursa Especialização em Mercado Financeiro e de Capitais pela PUC Minas e concluiu MBA em Investimentos e Asset Allocation pelo Grupo Primo. É servidor público e assessor de investimentos credenciado à XP Investimentos.
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